28/12/2025

DESDE O ÚLTIMO DOMINGO DE 2025, EM PROL DO INFINITO!

 

Por que celebramos Cristo em prol do Brasil? Por Antônio José Botelho, em 28.12.2025.

Para começar é de bom alvitre registrar que o artigo dezenove da CF estabelece que o estado brasileiro é laico, ou seja, está estabelecida a neutralidade do Brasil em temática de fundo religioso. Todavia, o povo cristão segue associando proteção divina para o país via devoção católica&evangélica. Portanto, há uma sutiliza flagrante que promove separatividade&fracionamento do Todo, do Uno.

É verdade que o mestre da Palestina tem servido de apoio&proteção para a construção da civilização ocidental, se espraiando até por territórios orientais, dividindo espaço com outras espiritualidades. Desde priscas eras, passando pelas cruzadas medievais, realizadas em nome do liberalismo, até as atuais manifestações de vigílias de terços&orações&procissões, em decorrência de colonizações que visavam ocupar&povoar territórios alhures, a cruz crística é um emblema de devoção pátria&mátria. Objetivamente, Cristo foi capturado pelo capital!

É importante deixar registrado que nutro profundo respeito pelos ensinamentos cristianos, especialmente pela síntese dos seus mandamentos: amar ao próximo com o si mesmo e amar a Deus acima de todas as coisas; assim como Ele nos ama! Não obstante essa belíssima mensagem de fé&esperança, continuamos a não oferecer a outra face e, pior, a revidar na mesma moeda. Resultado, persistimos competindo&acumulando como deseja o capitalismo, ao invés de nutrir fraternidade&solidariedade entre os comuns. E vejam que o verbo principal da síntese cristiana aponta para o substantivo amor! Mas como?

Nesse diapasão, é importante vincular a fração republicana que orienta&dá valor à competição que é o artigo constitucional que estabelece a propriedade privada como âncora do mercado e, por conseguinte, da sociedade brasileira, isto é, o artigo quinto assegura&garante o direito à acumulação de bens móveis&imóveis, que nutre a competição capitalista. Em princípio, não sou contra o estado nem contra esses dois atributos aqui discutidos, considerando que o ser humano não tem estatura espiritual para dividir&distribuir. Jesus histórico tinha, e mais, é possível associá-lo como o primeiro grande socialista do planeta, pois multiplicava&distribuía. Na realidade, sua atitude&postura ia além, recomendando ao sujeito desejoso de salvação que ficasse livre de posses&bens. Não tenho dúvidas que Cristo está escravizado pelo capital! Entretanto, de novo e novamente: essa é solução incontornável&inescapável para a humanidade, para o atual momento histórico, não constituindo, nem de longe, a última estação.

Desta forma, é possível argumentar que há uma grande hipocrisia, a qual é mantida mesmo de forma inconsciente pela maioria. A minoria que detém o poder econômico&político sim, sabe o que faz&diz, pois, a ideia é acumular riqueza para exercer a hegemonia e, por via de consequência, a dominação. Basta observar as correlações entre os mais ricos e os pobres&miseráveis do planeta. A internet está prenhe de dados&informações a respeito, mas as adotamos como sinais de evidências positivas dos negócios&mercados. Negligenciamos a fome&saúde e a falta de educação&segurança da larga maioria dos seres humanos. E está tudo certo, na medida em que celebramos&comemoramos&comungamos os grandes mestres, como Cristo&Buda dentre outros sábios&santos, sem observar&realizar seus ensinamentos.

Buda, ao que parece, admitia como eternamente inalterável a realidade humana, reproduzida pela dor&sofrimento. Tanto que mostrou&demonstrou um caminho para a iluminação. Igualmente o hinduísmo, via Brahma&Vishnu&Shiva, apontando para a não-identificação frente aos objetos dos sentidos e superação dos desejos, para a liberação do devoto em vida. É claro que os pertinentes caminhos são mais amplos&profundos, sendo a intenção, aqui&agora, apenas sinalizar possibilidades de contatos&convergências entre ensinamentos trazidos do mundo invisível, de onde viemos e para onde voltaremos, para a criação&manifestação. Espiritualidades essas que, inclusive, definem o Absoluto com mitologias&cosmologias distintas&diferentes. Essa fracionalidade&separatividade, apenas aparente, é fruto da insensatez da razão humana, e expressa, em linguagem limitada, as disputas religiosas institucionalizadas. Não há dúvidas que essas estruturas consubstanciam políticas&ideologias.

A espiritualidade é uma questão de foro íntimo. O Ser lançou várias cordas para voltar até Ele, cabe ao devoto escolher uma com o coração, aquietada a mente, para retornar ao mundo invisível, quiçá, oxalá mergulhando no Infinito, ou seja, se identificando com o Absoluto, por toda eternidades. Neste escopo, batizado cristão, me decidi pelo Yoga como caminho espiritual, na fase adulta. Contudo, esta escolha&decisão não me autoriza a dizer que as transformações determinadas por Shiva são para o bem do Brasil, nem mesmo para a Índia, muito menos para toda a humanidade. Até porque o Absoluto apenas observa...

O fato é que o capitalismo, que alimenta a competição&acumulação&apropriação&destruição (da natureza) na humanidade, é predominante no planeta. No caso específico, que motivou a presente reflexão, o nome&forma de Jesus Cristo segue dando amparo&proteção ao discurso&prática que reproduz a pobreza&miséria, via política&ideologia. Muita coisa teria que mudar&transmutar&transformar. Dizem que as mudanças coletivas começam pelas individuais. Portanto, não há apenas uma resposta para a provocação inicial, que a intitulou. Então, Feliz Natal e Próspero Ano Novo! De verdade! Para todas&todos os seres humanos, não só para os brasileiros! E, para celebrar esse momento, socializo uma imagem idealizada do mestre da Palestina meditando em postura ióguica&budista!

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