quarta-feira, 26 de março de 2014

SOBRE MINHA PARTICIPAÇÃO NA GREVE DA SUFRAMA - PARTE DOIS


O desconforto e a convicção do voto único: dos desdobramentos de uma dissidência



Antônio José Botelho



Até gosto de estar só, e nem por isso me sinto solitário. Aprendi a observar o silêncio. Mas, não é nada bom votar sozinho, mesmo acreditando que, por razões diferentes, um ou outro colega gostaria de me acompanhar. No entanto, do lugar onde me encontrava, para frente, só vi meu braço levado, votando a favor da paralisação da greve. Apesar de ter percebido que dois ou três permaneceram com os braços baixos nas duas perguntas, as tais abstenções, que igualmente ocultam motivos variados, o isolamento é terrível. Estressante. Não obstante, o chão institucional é isso: uma diversidade em busca de uma unidade. O problema, talvez, seja enfrentar a galerinha, que envolve emocionalmente a tropa. Além disso, há a questão do ser e estar politicamente correto. É natural que haja união. Afinal, ela faz a força. Os novos corajosos e competentes do chão institucional estão liderando o movimento debaixo de sol e chuva, temperados com a pressão natural do movimento. A sensação de poder se multiplica junto aos mais antigos imbuídos da boa esperança. Talvez até mesmo se exponencie com a energia e a experiência desses.



Corre a segunda quinzena de março. Hoje é 25.4.2014. E a greve continua, companheiros. Cavalheiros, infelizmente, a greve continua. Após uma votação esmagadora. Sim! Desde 19.2.2014. Sim! Confesso-me um conservador, para quem as mudanças devem ser operadas, contudo, observando a manutenção e preservação de valores conquistados. Vou explicar. Mas antes, ratifico que a leitura da doutrina anarquista, lá atrás, mais de duas décadas atrás, me deu alguma ferramenta de análise, tanto para perceber as rachaduras do tecido social, onde graça a violência, a mentira, a hipocrisia e a alienação, quanto para tomar consciência do poder de império do instituto Estado, constituído sob o manto da autoridade política. Na história, não há registros do Estado e seus governos se vergando sem que haja mortes e muito sangue derramado.



Todavia, vou me ancorar em dois fundamentos de uma dada consciência espiritual para defender meu voto. Na realidade, não tinha a obrigação de fazê-lo como dissidente, mas assim o quis na qualidade de sindicalizado. Afinal, pago em dia minha contribuição sindical, descontada que é da minha remuneração. Como disse na primeira crônica, optei, com dor, pelo Yoga enquanto Caminho, enquanto refúgio espiritual. Ele me abriu espaço, além de sua base vedântica, para revisitar os ensinamentos crísticos e búdicos. Esses últimos nos adverte, nos lembra, por meio do líder espiritual do Budismo Tibetano, o compassivo Dalai Lama, que todos os seres, sem exceção, desejam ser felizes. Esse é o primeiro fundamento. O segundo será adotado antes de finalizar essa segunda crônica sobre os desdobramentos de minha dissidência.



Pois muito bem. Refletindo sobre esse mandamento budista, tomei a decisão de que deveria parar de pescar, mesmo devolvendo os peixinhos para seu habitat, ainda vivos. É que, no mínimo, passam a viver mutilados, além de incorporar o trauma decorrente da captura propriamente dito. Meu parceiro de pescaria, com o qual tinha compromisso de pescar até a terceira idade, me disse: “Toni, ficastes louco!?”. Talvez. Mas, conquistei uma certa liberdade, livrei-me de um certo condicionamento, a partir da consciência de todos os seres desejam ser felizes. Inclusive, os peixinhos!



Esse é o mesmo sentimento que me deu forças para votar solitariamente. Não consigo admitir que chefes de famílias, homens e mulheres, possam perder seus empregos, seus trabalhos, seus ganha-pão em decorrência de uma opção truculenta, que resiste ao bom senso. Claro, segundo o entendimento de que as mudanças devem ser processadas, sim, mas ratificando espaços conquistados. Essa greve, esse movimento, pode durar 60, 90, 120 dias, com graves prejuízos à economia regional.



Ontem, no dia da dita votação, 24.3.2014, à noite o JN noticiou em rede nacional o movimento. Palmas! Estamos ganhando notoriedade. Mas, os prejuízos sociais são iminentes. Carga presa. Perda de faturamento. Redução de arrecadação. Perda de postos de trabalho. A cascata é natural e inevitável, sem mercadorias e insumos, tanto no comércio quanto na indústria, não há vendas, não há produção. Não há renda e emprego, como gostam de dizer os políticos com relação à defesa de seus programas e projetos.



Tenho uma luta no chão institucional, igualmente solitária. Tal qual o caso desse voto relatado, alguns me acompanham, mas resistem em adotá-lo no discurso, na busca de uma prática, frente ao poder do pensamento único de que a ZFM é a nossa galinha dos ovos de ouro. Nesse sentido, como gostaria de ver, quando me rascaria de emoção e orgulho, como um simples mortal, preso à roda do samsara, que o processo de industrialização de Manaus gerou pelo menos uma firma local, com capital e tecnologia próprias, que passou a jogar no comércio e na inovação global como um grande líder de uma nova fronteira tecnológica lastreada por amazonidades. Esse grito de liberdade e independência talvez eu não tenha o privilégio de dar, nesta existência, considerando a lentidão com que operamos esse processo nestes últimos 47 anos de existência da ZFM.



Mas essa é outra história. Voltemos à crônica. Ao meu relato sobre a greve. Após minha debandada do movimento, portanto, já como um dissidente, soube que o governo federal, leia-se instituto Estado, com poder imperial, acenou com o documento intitulado TERMO ADITIVO ao TERMO DE ACORDO n.° 11/2012. Sutilezas de interpretações à parte, entendi, imediatamente, que essa deveria ser a base para uma saída honrosa, para um recuo estratégico. Qual nada. A galerinha resistiu, petulantemente, pois não admite voltar primeiro ao trabalho, para depois assinar o acordo básico. Vejam só. Meia dúzia de idealistas enfrentamento o poder de império do Estado, não? Quanto coragem! Quanta competência! Como eu gostaria de ver essa energia vertida para a construção de um capitalismo amazônico. Na realidade, confesso. Esse é outro sarrafo que devo supera no meu Caminho espiritual; me libertar, me descondicionar, me desidentificar desse tal ideário que intitulei de capitalismo amazônico. Está difícil. Mas, eu chego lá.



Mais uma vez retornemos ao mote da crônica. Penso que o ideal teria sido reduzir o prazo do TERMO ADITIVO de 180 dias para 90 dias. Mas a segunda versão do governo federal aumentou para 240 dias o tempo para a definição de uma solução. Tudo bem, perderíamos a carta da manga de fazer outro barulho no momento do sufrágio universal para presidente e demais cargos da República federada, quando a sociedade brasileira deveria estar atenta à possibilidade, necessária, da alternância do poder. Mas, ainda assim, creio que o Sindicato deveria assinar. Mesmo que o orçamento para 2015 permanecesse fechado para inclusão das conquistas salariais. Neste sentido, o ideal para liderança e liderados da greve seria que um novo plano de cargos e salários, moderno e competitivo, fosse adotado por medida provisória, já agora, antes do prazo redutor de seis meses relativo às eleições, quando o governo não pode ajustar compromissos e acordos com despesas. Mas, a perspectiva é para 2016. Péssimo cenário. Sair sem levar nada é duro. No caso particular, admito que os benefícios sejam incorporados até mesmo após a reserva estar conferida. Ou não, pois ao fim e ao cabo, do ponto de vista espiritual, tudo é uma questão de merecimento. Ainda assim entendo que o Sindicato deveria assinar, trazendo para o acordo outras entidades e organizações, que, creio, não se furtariam em apoiar, tal qual a própria CIEAM, que já reconheceu a legitimidade do movimento, e o próprio Ministério Público, que certamente orientou e acompanha a legitimidade do movimento, e o próprio TCU, que conhece a Suframa nas palmas das mãos.



Mas a hora para uma saída honrosa, para um recuo estratégico era essa. Por isso votei contra a manutenção do movimento. Portanto, continuo dissidente. Mas aproveito para reconhecer e registrar que houve melhorias na tática da liderança no trato com a base, na medida em que o diálogo ficou mais aberto e já há até uma pretensão de impetrar demanda junto ao judiciário em nome da causa. Essa demanda deveria, inclusive, conter como anexo o tal TERMO ADITIVO. Além disso, não se ouve mais falar em endurecimento via impedimentos ao trabalho. Menos mal. O diálogo melhorou mesmo com o tom de terror com que foi dito a possibilidade de transformar a Autarquia numa Agência, isto é, alterando a condição trabalhista estatutária para celetista, a qual na deve ser acionada sem que seja dada a opção de escolha para o servidor decidir sobre o futuro de sua vida profissional. Contudo, vai vir chumbo grosso por aí. Mesmo que o governo federal permita uma aproximação mais a miúde. Soube que um dos líderes está indo a Brasília para que haja avanço nas tratativas, aonde rogamos prevaleça o bom senso. No entanto, haverá necessidade de demandas judiciais para salvaguardas constitucionais, caso o movimento se prolongue. Enfim, encrenca, desgastes.



Penso que deveríamos dar mais um voto de confiança ao Superintendente, que em sua tentativa de convencimento da tropa no chão institucional, usou exemplos de conquistas pessoais, envolvendo, inclusive, projetos familiares, junto a cenário equivalente. Se ele estiver mentindo ou blefando, o problema é dele. Sua consciência o acusará. Contudo, creio que tenha sido sincero. Ainda que igualmente creia que poderá largar o compromisso, pois no frigir dos ovos, sua influência e poder de decisão não interfere diretamente na questão. Por outro lado, é claro que ele joga do lado do governo, mas é possível atrai-lo moralmente para o compromisso, ou atrair quem o substituir, caso quem assine o tal TERMO ADITIVO seja a Suframa, e não a pessoa física. Tudo registrado em cartório, chancelando o compromisso de todas as entidades e organizações envolvidas na solução da questão. A solução poderá ser realizada por estágios, por espaços conquistados. Mas, lógica é a do embate. O que se quer é a edição de uma medida provisória, conferindo o novo plano de cargos e salários, já, agora. Não acredito que o governo federal cederá, mesmo que venha a ceder para a RFB, que tem abrangência nacional, e muito mas muito mais poder de fogo. Embora a ZFM seja importante para o Brasil, seu PIB representa muito pouco frente ao nacional. Esse voto nada tem a ver com a ameaça do corte de ponto que consubstancia o salário. Não. Mas com a possibilidade de evitar maiores prejuízos sociais junto a ZFM. Nosso PIB, embora pequeno, é relevante para a região. E, importante registrar, sem ela não podemos, ainda, construir e consolidar um capitalismo amazônico. Ou seja, ela deve continuar existindo até que seja possível superá-la. O Superintendente tem razão quando diz que o Sindicato conquistou posições, as quais devem ser mantidas e preservadas, sem que tudo venha a ser perdido. A lógica do tudo ou nada não deveria prevalecer. E mais uma vez repito: não desejo cargos nessa administração, pelos motivos já expostos na primeira crônica. Nem mesmo pedir a benção dos clérigos comerciais e industriais da ZFM. Na realidade, seria capaz de retornar ao movimento, em solidariedade à galerinha corajosa e competente, caso realmente o movimento recrudesça e os pontos sejam cortados. Mas não o farei, para gozar da prudência e responsabilidade com que tento me postar. Não joguei a toalha para evitar isso, mas por discordar do comportamento e da tática da liderança da greve, cuja motivação permanece, renovada em outro fulcro, fundamentalmente para que se evite maiores danos sociais junto àqueles que dependem da ZFM, conforme relato nesta segunda crônica.



Para finalizar, demonstro agora um segundo fundamento do meu voto pela assinatura do documento acenado pelo governo federal, mais presente no Yoga, que é a do contentamento. Do ponto de vista objetivo, temos liberdade constitucional para vir e para ir. Ou seja, embora seja duro, podemos ir atrás de outro trabalho, de outra atividade profissional que remunere melhor. Isso sem falar que, certamente, estamos incluídos numa das melhores parcelas populacionais com qualidade de vida dentre os 7 bilhões de seres humanos que sobrevivem, na dor e no sofrimento, neste Planeta Terra. Portanto, o contentamento deve prevalecer enquanto dure as negociações e tratativas civilizadas, contribuindo para a manutenção da felicidade de todos os cidadãos e de suas famílias que, direta ou indiretamente, dependem do pleno funcionamento da ZFM. Como disse na primeira crônica, preciso de um melhor salário, mas não desejo que ele venha em detrimento de malefícios para outros profissionais. Se os benefícios vierem nessas condições, não será, a exemplo do dinheiro que resulta da corrupção, quando programas e projetos governamentais deixam de ser executados ou plenamente executados, não será uma boa grana; não será um bom numerário. E não faço isto pelo governo, muito menos por esse governo, que de a muito já não merece meu respeito e consideração.



Um terceiro fundamento me ocorre antes de fechar essa crônica. Agora cristão. Cristo não disse “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”? Então, que o governo federal fique com a responsabilidade de reconhecer os servidores do Estado brasileiro que fazem rodar o Projeto ZFM, dito e entendido como importante não só para a região, mas para o Brasil. Claro, incluindo aqueles que lutam para superá-lo, como este cronista. No mesmo passo, entrego ao Ser a compaixão e o contentamento com que tenha elaborado esta segunda crônica.

quinta-feira, 20 de março de 2014

SOBRE MINHA PARTICIPAÇÃO NA GREVE DA SUFRAMA


Minha Primeira Greve: emoções & tensões



Fevereiro de 2014. Historicamente um mês de festas e comemorações para a Suframa e o Projeto ZFM, doravante, simplesmente ZFM. A ZFM, na sua configuração atual, pro e pós 1964, tem sua data de criação em 28.2.1967. Contudo, neste ano, algo inovador ocorreu. A minha primeira greve foi experimentada. Uma experiência que trouxe emoções e tensões. A principal emoção foi cantar o Hino Nacional, no dia do aniversário da ZFM, no QG da greve. As tensões serão relatadas a seguir. E são naturais do processo social, especialmente quando se adota a autoridade, quer seja política, econômica, religiosa ou institucional, como algo nefasto entre os homens. Não é trivial viver em autogestão. Essa é outra história. Vamos à crônica.



A ZFM recrutou, recentemente, uma galerinha corajosa e competente. Essa turma literalmente tomou o poder no Sindicato dos Servidores da Suframa [Sindframa], cujo perfil não era de batalhas, muito menos de guerra. Além do Sindframa, essa galerinha levantou a poeira no chão institucional. Ainda que aqui acolá possamos, e até mesmo devamos questionar alguns entendimentos e métodos, o resultado é sempre positivo, pois contribui para uma nova ordem de valores e poder.



Pronto. Estavam estabelecidas as condições objetivas para a deflagração da primeira greve institucional com efeitos reais junto aos clientes e fornecedores da ZFM. A motivação central está espaldada na melhoria salarial. Mas, adicionada de outras demandas, quais: melhor estruturação das unidades descentralizadas; o descontingenciamento dos recursos orçamentários e uma governança local da gestão do PPB [Processo Produtivo Básico]. Esteve também presente questões mais práticas como a disponibilização de serviços de restaurante.



Segundo depoimento do líder do comando do QG do movimento, em nenhum momento a Administração chamou para a mesa de negociação. Aqui começa uma tática de tergiversações entre a liderança e a base de apoio, segundo a minha percepção. Para tanto, reproduzimos trechos de e-mails do Superintendente onde consta esse chamamento, aberto num canal permanente de negociações:



Do primeiro, no dia da deflagração, 19.2.2014:


“... não abrimos mão do diálogo, tanto com os representantes dos servidores quanto com o Ministério do Planejamento, responsável pela política salarial do Governo Federal. Continuaremos nesse caminho.”

Do segundo, de 26.2.2014:



   “... Desde que assumimos a direção da SUFRAMA       verificamos a realidade da defasagem salarial na       Instituição e incluímos o tema em todas nossas       manifestações públicas e planos de trabalho. A demora      na solução, que não depende diretamente da       Superintendência, levou à greve. Sempre mantivemos o      diálogo, inclusive discutindo a proposta dos servidores      com o Ministério do Planejamento, e continuaremos      nesse caminho.”
Do terceiro, no mesmo dia 26 de fevereiro:

“... Vamos dialogar.”

Portanto, estava aberta a possibilidade de uma relação ganha-ganha, de uma tática para uma saída honrosa frente ao poder de império do Estado, de um recuo estratégico frente ao ano eleitoral. Se fosse necessário. Para tanto, dever-se-ia identificar o momento prévio de uma relação custo/benefício negativa. Mas, e é isso que gostaria de destacar, o egotismo subiu à mente da liderança do movimento, quando se ouvia declarações para a base de apoio: “quem está mandando na ZFM somos nós!”. Ouvi a liderança dizer, numa outra comunicação, que “após duas horas de conversa [com a administração], só blá, blá, blá. A greve continua, companheiros!”. Ora, ora. Essa postura não é aceitável; não é admissível. A liderança não pode decidir sozinha; antes deve discutir com a base de apoio. Deve, para tanto, relatar todos os pontos abordados no diálogo com a administração que tangenciam as reivindicações, no sentido de se identificar eventuais pontos convergentes, passíveis de se realizar a relação ganha-ganha, de se realizar uma relação custo/benefício positiva. Não obstante, nem mesmo houve uma preocupação de formalizar as reivindicações, considerando que tudo no setor público ganha dinâmica com um processo administrativo. Infelizmente, a tática me parece ser aleatória, na marra, com a foice e o martelo.



Desde o primeiro momento, prestei meu apoio ao movimento, estando presente manhã e tarde, todos os dias entre 19.2.2014 e 7.3.2014. Não tirei de férias. Não entrava no chão institucional para trabalhar. É claro que havia constrangimento face a essa necessidade, considerando os 55 anos de idade e os 30 anos de atividades na ZFM. Mas estive presente, até o dia em que me declarei fora da greve, em 7.3.2014 à tarde. Até mesmo no período de carnaval, que estive fora de Manaus, o fiz entre a sexta feira à noite e a madrugada da quarta-feira de cinzas, isto é, estive presente da sexta-feira, dia 28.2, pela manhã e pela tarde, e na quarta-feira, dia 5.3, à tarde.



E mais do que isto, estive presente analisando o discurso e a prática da liderança do movimento. Propondo visões alternativas e pontos a serem observados. Cheguei, inclusive, a fazer sugestões junto a apresentação elaborada para discutir na Audiência Pública da ALEAM. Até mesmo me propus a defender a lógica virtuosa que deveria haver entre o Decreto-lei 288, a Lei da TSA e os sucessivos planos estratégicos aprovados pelo CAS, no quesito do contingenciamento da ZFM, que deveria estar vertida ao autodesenvolvimento. Enfim, estive atento.



Essa atenção identificou um discurso vazio da liderança, quando se argumentou que ficar em casa levava a greve para a ilegalidade. Na verdade, leva ao enfraquecimento da greve. O que leva à ilegalidade é impedir o trabalho a quem deseja trabalhar. Pedi que se alterasse a base falsa desse argumento, mas fui informado, em tomo arrogante, que o movimento endureceria. Dito de forma vaidosa, perdi a motivação de continuar apoiando. Na realidade, não contive a tensão de combater tal autoritarismo. Assim, preferi sair antes dessa tática ser adotada, o que, felizmente, não aconteceu. Até aonde sei. Em contrapartida, a sugestão que dei, condicionante para me manter apoiando a greve, de que declarassem à sociedade que não estavam e que não usariam a tática de impedir o acesso ao trabalho não foi adotada, não foi formulada e publicada. Também até aonde sei.



Ao longo dos meus 30 anos de ZFM não me lembro que algo dessa magnitude tenha sido deflagrado. A liderança informou que nos primeiros dias 100% das unidades administrativas pararam. Nesse quesito, ancorei um dos pontos de meus questionamentos na medida em que se o direito à greve está consagrado, igualmente está consagrado o direito de ir e vir de todo cidadão. Houve sim, impedimentos e constrangimentos, ainda que no discurso se defendia a liberdade de todo associado. Prejuízos foram apurados. E aqui outro ponto de divergência, pois prejuízos econômicos não devem ser comemorados, mas lamentados. Sem falar que ouvia, constrangido, zombarias e gozações à pessoa do Superintendente. Discordei dessas posições, conforme e-mail onde comuniquei a saída do movimento.



Na realidade, até então não havia condições objetivas para um acontecimento grevista de impacto, uma vez que o Sindicato era fraco, frágil. As condições desfavoráveis envolvia elevado índice de terceirização da força de trabalho da ZFM, inclusive de alto nível. Sem falar que a elite de servidores, formadora de opinião e que conduzia a ZFM, estava capturada pela força dos cargos de confiança. Desde 1996, este próprio cronista era um deles, ainda que de nível operacional, não decisório. Houve época em que havia duplo salário, pago por dada Contratada, à boca pequena. Lembro desse boato, que correu no chão institucional. O procedimento foi suspendido quando descoberto e tornado eticamente insustentável. Então, não havia condições objetivas. Hoje há. Há a turma nova; a turma velha está se aposentando e o Contrato foi revisto.



Ademais, talvez, apenas talvez, a própria autoridade discricionária da ZFM, na qualidade de um ex-sindicalista, possa ter induzido e esteja conduzindo, sutil e subliminarmente, o movimento. Claro, a liderança do movimento não admite essa hipótese, essa possibilidade, pois que se enxerga, se vê autônoma, independente. Todavia, se esse surrealismo é factível, poder-se-ia ainda abstrair sobre a possibilidade de uma conspiração contra a instituição Suframa, que cuida da ZFM, face a inépcia e a inércia com que vem sendo administrada. Lembro que uma das teses iniciais da atual administração era passar o Distrito Agropecuário para o Estado do Amazonas; ao longo da gestão deixa cargos vagos importantes para uma saudável administração, além de não elaborar Termo de Referência, visando a substituição de prestador de serviços em área operacional letal para o funcionamento organizacional, estando nos planos administrativos licitação apenas para manipulação e uso de dados, que, todavia, exigirá tempo para assimilação – a Suframa literalmente poderá parar por falta de mecanismos operacionais; agora surge a posição judicial alternativa de passar a administração dos incentivos para outra instituição face à possibilidade do não cumprimento de 30% dos serviços de interesse da CIEAM. Ou seja, em vez de um decreto presidencial de um novo plano de cargos e salários, moderno e competitivo, devemos nos dar conta da possibilidade de um que pode, simplesmente, extinguir a Suframa. Essa me parece uma linha muito tênue definidora da fronteira negativa/positiva da relação custo/benefício da greve, que deveria ser levada em conta. Um paradoxo total considerando os recentes recrutamentos de força de trabalho, a esperada prorrogação e até mesmo da salvaguarda constitucional da ZFM. Mas tudo é possível frente ao poder de império do Estado. Não é razoável e aceitável que a sociedade não se posicione quanto a essa tendência de esvaziamento político-institucional da ZFM, especialmente os poderes executivos estadual e federal, que, em última análise, são os responsáveis pela indicação e manutenção da autoridade discricionária da ZFM. Mas sabem, com maestria, alterar a base doutrinária do STF, para minimizar os rumos penais do maior escândalo de corrupção política envolvendo o planalto, conhecido vulgarmente por mensalão. Ou talvez haja nesse processo algo semelhante a uma destruição criativa, mas que este cronista não consegue enxergar.



Mas, voltando ao mote da crônica em si. Penso que a liderança do SINDFRAMA tomou as providências de legalidade antes de desencadear o movimento, especialmente esgotando negociações preliminares e comunicando a realização da greve em si. Embora não tenha participado, realizou Assembleias de discussão e decisões. Até aquele momento depositava inteira confiança nos líderes e na nova direção do SINDFRAMA. Mas a liderança pecou com a busca, já dentro do movimento, de apoio por meio da força e não como fruto de um processo de sensibilização e conscientização. No primeiro dia, inclusive, houve incidentes de impedimento à entrada do trabalho. Um dos líderes disse que essa tática é normal, para que o movimento se instale, favoravelmente, por meio dos conflitos. Assenti, descordando. Pecou em não se posicionar humilde e de forma transparente. Humildade não significa fraqueza. E transparência não significa fragilidade.



Minha principal argumentação junto aos líderes e ao movimento em si foi no sentido de manter o movimento dentro da legalidade. E não só isso. Sugeri que se buscasse uma relação custo/benefício sempre positiva no desdobramento do processo de negociação, como disse acima, até aonde sei, não formalizado. Essa formalização foi sugerida por dois colegas durante o período desse relato. E adotada em minha posição, conforme se pode observar no conjunto de e-mails que enviei aos líderes, apenso.



Apesar disso, entendo que a liminar impetrada pela CIEAM, para resguardar os interesses de seus associados, endereçada à Suframa, e não de questionamento da legalidade e da legitimidade do movimento, foi conduzido com responsabilidade e prudência pelos líderes que ajudaram a Administração no atendimento da determinação judicial. A outra liminar, de Brasília, não chegou nem mesmo a ser cientificada, até aonde sei. E seria um tiro no pé, pois determinava a desocupação dos prédios. Ora, não há possibilidade de trabalho presencial sem a ocupação. Vide trecho específico de um e-mail abaixo. Argumentei uma dada situação de imprudência e irresponsabilidade, que deveria ser evitada, por apontar para um momento prévio a uma relação custo/benefício negativa, conforme também se pode perceber num dos e-mails anexados a esta crônica, qual seja a de que as firmas da ZFM começassem a demitir por falta de condições para a produção. Essa ideia não chegou nem mesmo a ser lembrada, quanto mais discutida.1



O movimento, até aonde sei, contou com o apoio do deputado estadual José Ricardo e da senadora Vanessa Graziotin, que se fizeram presente ao QG. A eles, igualmente, comuniquei a decisão de sair do movimento. Alguns dirão que amarelei. Pode ser. Mas, a consciência está tranquila. Evitei, sob o meu ponto de vista, a banalização e, sobretudo, a alienação. Na época da faculdade, os principais integrantes da elite local, que hoje exercem o poder político de Manaus, estiveram todos envolvidos em processos semelhantes. Tais movimentos, embora sirvam ao coletivo, ao fim e ao cabo, trazem oportunidades individuais. O sistema chama os líderes, que se credenciam para novas batalhas, forjando uma trajetória pessoal. Nesse particular, também havia aqueles que, nascidos em “berço de ouro”, já dispunham de um projeto político a ser executado. E o foi com sucesso. Em ambos os casos, mandatos de vereador, deputados estadual e federal, senador da Republica, prefeito e governador foram conquistados. Pois bem, naquela época, idos do início dos anos 1980, a turma das engenharias civil e elétrica eram consideradas de direita, na medida em que desejam se formar e entrar no mercado de trabalho. Mesmo constrangidos, permanecíamos em sala de aula. Como hoje a lógica é estar à frente, sugeri a estratégia do ganha-ganha, não adotada pelos líderes do movimento hodierno na ZFM. Em verdade, desprezada. Registro que sai do movimento sem ter qualquer informação sobre o desdobramento da aproximação de Samuel Hannan, que se disponibilizou em ajudar no diálogo com o governo. O ex-vice-governador e ex-secretário de fazenda teve uma relação amistosa e positiva com a atual autoridade máxima da ZFM, como já dito, um ex-sindicalista. Enfim, a comunicação da liderança da greve com a sua base de apoio, no período em que estive presente, foi frágil e falha, no meu entender.



Março de 2014. Saio da greve na medida em que percebi, claramente, uma postura de arrogância da liderança do movimento. Comuniquei a decisão ao QG da greve na sexta-feira dia 7.3.2014 à tarde, como já dito, e ao chão institucional em seguida, conforme se pode observar no último e-mail apensado a esta crônica. Voltei ao posto de trabalho. Todavia, continuo subaproveitado, apenas cumprindo tabela até a reserva. Mas essa é outra história, que o futuro julgará. No entanto, registro que o movimento era necessário, pois que uma justa remuneração está longe do ideal.



No meu caso particular, considerando a atual plano de cargos e salários, mesmo estando já no último nível, se me aposentasse agora, pois já com tempo de contribuição, ainda que sem idade necessária, quando se perde entre 30% a 40% da remuneração da ativa, recheada de gratificações que não são permanentes, sairia para a reserva com pouco mais do que um salário-mínimo de engenheiro, o que, efetivamente, não é justo após mais de 35 anos de contribuição para o Estado brasileiro, ou 38 anos como a regra exigirá. E justamente quando mais precisamos em função da falência e decadência da forma ordinária, frente a possíveis despesas com médicos e remédios, quando a hora era de viajar, viajar e viajar. Sempre disse aos meus alunos: se desejam muito dinheiro, vão para o mercado empreender e acumular. Mas, minha opção foi servir a sociedade. Então, sou homem de uma casa, um carro, uma conta bancária. Até mesmo um segundo emprego, de professor universitário, exercido por uma década no turno da noite, abri mão em prol de um caminho espiritual por meio do Yoga.



Mas, finalizando junto ao mote central da crônica. Esta crônica foi escrita e socializada ao chão institucional no dia 14.3.2014. Uma semana depois da decisão de sair da greve! Não obstante, uma segunda versão emergiu após novas emoções e tensões lembradas durante o final e início da semana, inclusive com amigos e colegas do chão institucional, a qual será apensada no site e no blog deste cronista em 18.3.2014. Parece que o movimento está firme e que já houve desdobramentos positivos com o apoio político recebido, inclusive de outros parlamentares. Sempre há colegas em postos chaves no chão institucional que contam com apoio de político importantes. É de praxe. Faz parte do jogo. É assim que a coisa funciona... Na realidade, o cenário ora está favorável ora desfavorável. Essa inconstância, assim como a impermanência das coisas, faz parte do jogo. Ainda assim, finalizo não sem antes tirar o chapéu para essa galerinha corajosa e competente, que tomou o poder na ZFM. Ela assumirá a responsabilidade de fazer mais e melhor do que a turma que está saindo fez. Ir além da atração de investimentos, lutar não só para consolidar o PIM, mas para fazer emergir firmas com capital e tecnologia locais, adotando como meta e desafio a inserção delas no jogo do sistema global de inovação.




Anexos

[E-mails enviados por este cronista ao QG da greve, respectivamente, nos dias 26, 27 e 28.2 e 5, 6, 7 e 8.3.2014. Este último, inclusive, ao chão institucional]





Caríssimos

Quero aproveitar o e-mail do João Paulo para dizer que entendo a expressão do Sidney "nunca jamais" forte demais dada que foi durante as explicações do Anderson sobre a liminar Manaus CIEAM

Isto posto lhes asseguro que não contem com o meu apoio caso a greve seja declarada ilegal

Adicionalmente sugiro que comecem a pensar na relação custo/benefício caso ela prolongue por demais mesmo que continue sendo considerada legal. Por exemplo caso as empresas comecem a demitir por falta de insumos para a produção

Caso entendam que esse comentário deva ser dado em alguma assembleia estou disponível para defendê-lo

SempreLuz! Antônio José

Ps. Agradeço o envio da liminar. Muito apreciaria o envio da liminar de Brasília



Caríssimo Anderson
Parabenizo-o por adicionar ao seu discurso a preocupação com a legalidade oferecendo a proteção necessária aos servidores
Por oportuno aproveitando sua sensibilidade sugiro que comece a pensar numa saída honrosa num recuo estratégico caso a relação custo/benefício se torne imprudente e irresponsável
Busque uma relação ganha-ganha mesmo considerando o insucesso e ganhemos tempo para uma segunda rodada lá na frente colhendo compromissos para a resolução dos itens da pauta caso não tenhamos ganhos imediatos
Não saia com uma mão atrás outra na frente
Sobre a possibilidade criada com a ação do Samuel Hannan saiba que o Thomaz é pupilo dele isto é foi o vice governador e ex-secretário da fazenda estadual que trouxe o sindicalista para a administração
Na sua opinião há legalidade há legitimidade na presença do Hannan no processo estando ele sem cargo público ainda que seja um homem influente?
Veja não podemos dispensar qualquer ajuda mas me fiz essa pergunta ainda sem resposta
Sempre Luz! Antônio José



Caríssimos

Realmente a decisão de liminar de Brasília aponta para um contraditório

provavelmente não será entregue para cumprimento e nesse aspecto concordo com o Gaia

Mas se o for deveremos avaliar detidamente pois implicará num conflito

se se esvaziar os prédios ocupados estar-se-á descumprindo a decisão da liminar de manaus

Nessa hipótese poder-se-á estar migrando para uma condição de ilegalidade que devemos afastar

Por outro lado a liminar Brasília encerra uma esfera do poder judiciário superior ainda que trate de assunto diferenciado da de Manaus mas complementares à lógica da greve na medida em que uma trata da manutenção da posse de propriedades da autarquia e a outra de interesses empresariais

A desocupação no entendimento do Gaia poderá se efetivar adotando a interface do próprio movimento isto é o atendimento da liminar Manaus se dá no contexto da greve então seria legal cumprir a liminar Brasília

Não estou convencido se essa hipótese é responsável e prudente no sentido de manter o movimento a greve nos limites da legalidade

Talvez fosse possível uma contra liminar no sentido do interesse geral digo manutenção da legalidade da greve e do atendimento dos interesses econômicos dos associados do Cieam

O que estou convencido mesmo é a adoção de ambos os lados isto é tanto por parte da administração e quanto do QG da realização de um seminário de um workshop ou coisa que o valha para formular uma CARTA MANAUS PARA O PLANALTO sobre as questões da governança do PPB e sobre a aplicação dos recursos da Suframa em projetos de ampliação da competitividade sistêmica de manaus e demais locais da amoc + alcms

Encontrei ressonância positiva à ideia em dois pares mas um deles entende que a administração não aceitaria

tenho minhas dúvidas

bom carnaval

sempreLuz! antôniojose



Galerinha do QG da greve
Levei na brincadeira para não ampliar o estado de tensão menos e de indecisão mais que pintou hoje frente ao que fazer
Dentre as sugestões levada na brincadeira que foi posta me refiro a do guerreiro Sidnei que simplesmente sugeriu fechar a comporta de acesso aos postos de trabalho
Desejo adiantar minha decisão pessoal que se isso acontecer qual seja de que imediatamente declararei meu desapoio ao movimento grevista e retornarei ao posto de trabalho
Hoje fiquei com a sensação de que entramos numa inversão quanto a uma relação custo/benefício positiva apenas ressalvada pelo comentário do guerreiro João Paulo com o qual concordo de que quarta-feira a tarde de cinzas não é parâmetro para uma avaliação
Amanhã estarei presente atento sempre na perspectiva de uma posição prudente e responsável numa relação ganha-ganha
SempreLuz! Antônio José

Caríssimos
Sugiro adicionar o item PPB nas razões da greve já o tema aparece na apresentação
Coloco-me a disposição para dar uma palavrinha na palestra à altura do tema TSA para discursar sobre as atividades FINS que sugiro esteja em destaque VERDE em contraponto ao destaque vermelho das atividades meios
Se for autorizada a minha fala prometo não tomar o espaço da galerinha gente boa do QG da greve
Luz! Antônio José

Caríssimos
Adoto dois pontos que entendo fundamentais da fala do caríssimo Renato a quem parabenizo pelo contraditório quais sejam a questão do estabelecimento de um marco como ponto de partida da negociação e a da ilegalidade vis a vis presença dos servidores no movimento
Entendo superválida a colocação de se abrir um canal de comunicação formal e se a administração e por conseguinte o governo não se manifestam o movimento deve se manifestar
Mesmo que a tática jurídica não seja a mais adequada algo deverá ser estabelecido como um ponto de partida pois dentro do direito administrativo tudo se move tudo ganha dinâmica a partir de uma formalização
Coloquei o caríssimo William nesse e-mail porque nisso sei que ele concorda fruto de conversa paralela no espaço da mobilização
O segundo ponto que concordo com o Renato é no sentido de não usarmos elementos falsos no discurso da Galerinha do QG da greve isto é colocar apenas os pontos reais que podem juridicamente nos afastar da legalidade
Neste sentido já sabemos que a administração tem pelo menos dois fatos que poderiam ser utilizados numa liminar contrária aos interesses do movimento e o fato de não utilizá-los foi o motivo que perguntei ao caríssimo Anderson se o poderoso Thomaz estaria do nosso lado
Penso que a aliança e o apoio da Vanessa é importante mas não esqueçam que ela é chapa branca e por favor não permitam a politização partidária do movimento
Guardei até pouco tempo um trabalho que fiz de análise de discurso numa pós de ciência política onde analisei a presença na mídia da então vereadora e é curioso constatar a mudança do conteúdo programático quando se fez governo
Já pedi ao caríssimo Gaia que não utilize pelo menos comigo os chavões da foice & martelo que embalam o palanque pcdobquiano
Com a legalidade mantida vamos em frente e por oportuno peço que não façam constrangimento a quem se manifesta em contradição ao posicionamento e ao discurso do QG pois esse embate é importante não só como canal de comunicação entre o comando e a base de apoio mas para filtrarmos os argumentos que são colocados de ambos os lados da administração e do QG na mesa de negociação
Estou alerta ainda que como um ex anarquista covarde e estarei presente enquanto o movimento for legal pois de nada adiantará a legitimidade sem o aval da sociedade
SempreLuz! Antônio José

Caríssimos
Apoiei o movimento grevista desde seu início
Durante seu desdobramento procurei estabelecer com seus líderes um diálogo no sentido
1. Da manutenção da sua legalidade
2. De uma relação custo / benefício positiva
3. De uma racionalizada vertida a uma formalização (essa sugerida pelo William e pelo Renato e adotada como complementar ao item 2)
Porém hoje o diálogo com seus líderes se fechou quando ao pedir que ajustasse o discurso fui informado de forma arrogante que a greve endureceria o jogo
Como já havia sinalizado que sairia da greve a qualquer sinal de ilegalidade tomo a decisão que socializo
Entendo que a tática do endurecimento converge para a ilegalidade na medida em que agirão para impedir que haja trabalho fora do contexto liminar isto é dentro do direito de cada um trabalhar segundo sua vontade e consciência
Não há abertura para um diálogo transparente e fraterno entre a cúpula do movimento e sua base de apoio
Suspeito que haja desinformação quanto às formas e conteúdos das negociações entre a administração e os líderes
Há constrangimento quando colegas se manifestam contrariamente ao entendimento dos líderes
Entendo que os prejuízos econômicos não devem ser festejados mas lamentados
Entendo que a pessoa do Thomaz não deva ser ofendida mas respeitada
Minha posição é pessoal e libertária
Não desejo apoio de ninguém nem que me sigam
Não tomo a decisão em prol da administração muito menos pelo governo
Infelizmente considero a atual administração estrategicamente frágil operacionalmente indiferente e administrativamente indecisa sendo seus fatos e eventos concernentes facilmente observáveis no chão institucional
Quanto ao governo entendo que deveria ser alvo de alternância de poder
Só há uma alternativa de voltar a apoiar o movimento a greve que seria uma declaração de seus líderes publicada ao público à sociedade de que respeitarão a vontade livre de trabalhar de qualquer colega que seja em qualquer coordenação que seja
Como entendem que dominam a verdade absoluta essa atitude não faz parte da tática pelo que decido que segunda-feira retornarei ao meu atual posto de trabalho
Adianto que esta decisão não almeja cargos até porque ainda espero um pedido de desculpas do superintendente por ter deixado este servidor exilado por 45 dias na biblioteca em desrespeito moral à sua experiência e conhecimento acumulados ao longo de 30 a serviço do projeto ZFM
Sempre Luz! Antônio José
Ps. Peço que essa manifestação seja socializada ao grupo Suframa SEM CENSURA



1 Mal baratando, seria como se a greve recente dos garis, no Rio de Janeiro, sem acordo, provocasse mais e maiores doenças aos seus munícipes, piorando a já não sadia qualidade vida da periferia.