sexta-feira, 27 de abril de 2012

SOBRE CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA TARDIA E CORRELATOS



Entendendo o significa do conceito de capacitação tecnológica tardia com desdobramentos junto à construção de um capitalismo amazônico

Esse conceito, à imagem e semelhança do de cathing up, também foi idealizado por esta forma ordinária em suas aproximações por tentativas e erros de entender a natureza da tardialidade do processo de industrialização lastreada pela atração de investimentos e consubstanciada pela política substituição de importações de Manaus, expressa pelo Projeto ZFM. Ambos não existem na literatura do desenvolvimento industrial e da inovação tecnológica, ainda que seja de deduções lógicas, muito especialmente o de capacitação tecnológica tardia. Representam uma ousadia tupiniquim, considerando que a referência do conhecimento é gerada alhures, portanto, apropriada em primeira mão por alheios. Mas, têm sido de enorme valia para perceber o que devemos fazer para corrigir o rumo do crescimento em prol do autodesenvolvimento sustentável.
Em primeiro lugar, devemos dizer algumas palavras sobre a historicidade do desenvolvimento industrial e da inovação tecnológica no que concerne aos seus paradigmas tecnoeconômicos e associadas trajetórias tecnológicas. Os paradigmas dizem respeito à capacidade da geração de inovações tecnológicas, especialmente as radicais que transformam as economias, gerando novas indústrias. Por sua vez, as trajetórias representam as decorrentes capacidades dos paradigmas de difundirem tais inovações, especialmente as incrementais e inerentes melhorias, tanto nos produtos, quanto em processos produtivos e organizacionais.
Os especialistas falam de cinco paradigmas, considerando o atual, desde que a humanidade, liderado pelo império britânico, no primeiro momento, e pelo Tio Sam no segundo, iniciou o processo de industrialização sob a perspectiva da concorrência capitalista e sob a tutela dos estados nacionais: [1]
1. As indústrias-chave têxtil, química, metalmecânica, cerâmica tiveram como base a mecanização e como fatores-chave o algodão e o ferro;
2. As indústrias-chave de motores a vapor, máquinas-ferramenta, máquinas para ferrovias tiveram como base as máquinas a vapor e ferrovias e como fatores-chave o carvão e o sistema de transportes;
3. As indústrias-chave de estaleiros, produtos químicos, armas, máquinas elétricas tiveram como base a engenharia pesada e elétrica e como fator-chave o aço;
4. As indústrias-chave automobilística, armas, aeronáutica, bens de consumo duráveis, petroquímica tiveram como base o fordismo e como fatores-chave os derivados de petróleo; e,
5. As indústrias-chave de computadores, produtos eletrônicos, software, telecomunicações, novos materiais, serviços de informação têm como base, porque ainda está em aberto, as tecnologias de informação e comunicação e como fatores-chave os microprocessadores.
Respectivamente, seus períodos históricos foram entre 1770-1840; 1840-1890; 1890-1940; 1940-1980; e 1980 até os dias atuais. Respectivamente, suas organizações industriais passaram por pequenas empresas locais; empresas pequenas e grandes e crescimento das sociedades anônimas; monopólios e oligopólios; competição oligopolista e crescimento das multinacionais; até chegar a organização atual caracterizada por redes de firmas.
O grande mote de análise e interpretação para elaboração e entendimento do conceito de capacitação tecnológica tardia, associada ao processo de industrialização tardia de Manaus, está na visualização do quinto período, isto é, no paradigma tecnoeconômico das tecnologias de informação e comunicação que tem como insumo básico os microprocessadores e as firmas produtoras de bens e serviços eletrônicos, configuradas por uma organização industrial em rede. Enquanto marco de análise, ele surgiu em 1980 como desdobramento dos períodos anteriores, notadamente do período imediatamente anterior, que teve como parte da sua organização industrial o crescimento das multinacionais, expandindo os espaços de reprodução dos seus capitais para locais de estados nacionais de industrialização tardia.
Isto é importante destacar para a interpretação do conceito em discussão: como consequência de locais que viveram e promoveram o progresso técnico e concernentes mudanças dos sistemas produtivos e da organização industrial. Portanto, criaram, porque capacitados tecnologicamente falando, as pré-condições para difusão e apropriação privada do conhecimento, da experiência técnica e do know how vertidos ao paradigma tecnoeconômico anterior. As trajetórias tecnológicas correlatas espraiaram para os mercados nacionais e global as perspectivas de produção, distribuição e consumo de novos produtos e processos produtivos e organizacionais. Os capitais sociais dos locais que construíram e que se situam próximos à fronteira tecnológica se apropriaram dessa profusão de conhecimento e técnicas de produção e de inovação. Os locais atrasados o fazem tardiamente. Claro está esta condicionalidade histórica em relação a Manaus!
Manaus começou a industrializar-se a partir do domínio da engenharia de processos, exatamente no início do atual paradigma tecnoeconômico. Não houve experiências históricas que coincidissem com as dos locais dos países que conduziram hegemonicamente o processo de industrialização e de inovação tecnológica. Simplesmente não havia indústria em Manaus, nem com as especificidades inerentes ao paradigma anterior [indústrias-chave automobilística, armas, aeronáutica, bens de consumos duráveis, petroquímica], muito menos esforços iniciais relativos ao paradigma atual [indústrias-chave de computadores, produtos eletrônicos, software, telecomunicações, novos materiais, serviços de informação]. Na realidade, o processo de industrialização de Manaus começou com a indústria eletroeletrônica, exatamente no final da década dos anos 1980, enquanto expansão do capital estrangeiro [e até mesmo nacional, atraídos de locais mais dinâmicos do país] junto à divisão internacional do trabalho combinado com o papel geopolítico de ocupação da Amazônia, representado pelo Projeto ZFM. Os desdobramentos desta estratégia estão no sentido de qualificar o uso e a ocupação da Amazônia com o autodesenvolvimento sustentável.
Como corolário ao conceito de capacitação tecnológica tardia é de bom alvitre perceber e aceitar o conceito de economia de enclave industrial, igualmente cunhado por esta forma ordinária no início dos anos 2000 com a adjetivação adicional negritada ao conceito tradicional de economia de enclave associada à exploração econômica de minérios. Disse que economia de enclave industrial deveria ser entendida como toda aquela que é posta em um espaço subperiférico que roda com capital e tecnologia exógenos atraídos mediante vantagens competitivas estáticas, onde os lucros retornam aos donos do capital residentes em outras placas e a tecnologia do chão de fábrica é inteiramente assimétrica com o chão da academia local, constituindo a passagem para uma economia autossustentada a construção de vantagens competitivas dinâmicas que oportunizarão não só a consolidação das firmas existentes mas, sobretudo, o desenvolvimento do empreendedorismo local a partir da emergência de empresas de base tecnológica, cujos produtos estabeleçam sintonia com os insumos e a cultural local [amazonidades], enquanto processo de inserção positiva e inteligente no contexto globalização contemporânea, assegurado o consumo local-regional-nacional.
Há, portanto, uma característica dificultadora no processo de industrialização de Manaus. É que ele se dá com uma rígida dependência entre a política industrial de substituição de importações e a ferramenta de política industrial de atração de investimentos. Ou seja, a dimensão patrimonial das firmas não foi, e, de certo modo, ainda não é, prioridade absoluta na formulação de políticas públicas, considerando a dependência que Manaus vive economicamente relativamente ao Projeto ZFM. O atual conceito de PPB [Processo Produtivo Básico], instrumento de operacionalização da concessão dos incentivos fiscais especiais relativos ao Projeto ZFM, que tanto brigamos para que sejam editados, na realidade, reproduz essa dependência aos resultados das políticas industriais e tecnológicas de alheios e de alhures, na medida em que definimos operações industriais mínimas, moldadas por máquinas e equipamentos, insumos, partes e peças componentes, produtos idealizados por força da capacitação tecnológica de outros locais que não Manaus. A expressão dessa dependência pode ser facilmente constatada nos projetos industriais que são aprovados pelo CAS.
É atrás dessa competência que estamos correndo desde os anos 1970, quando, por exemplo, instalamos o primeiro curso de Engenharia Elétrica em Manaus. Nesse sentido, nas três décadas seguintes formamos nos primeiros mestres e doutores e montamos nossos primeiros laboratórios para a produção de algum conhecimento associado ao paradigma tecnoeconômico vigente. Correndo atrás para ofertar soluções tecnológicas às demandas tecnológicas do PIM, relação até hoje ainda assimétrica, isto é, não conseguimos estabelecer um chão acadêmico que dê conta do enraizamento das indústrias forâneas sem a recorrente ratificação [determinando a dependência] das vantagens comparativas estáticas, ditas por especialistas como espúrias no contexto da teoria evolucionária, do Projeto ZFM. Cabe uma pergunta fundamental: qual o PPB, do setor eletroeletrônico, que foi alterado no sentido de se produzir “mais com menos”, portanto, configurando maior produtividade do PIM?
Não queremos aqui negar o aspecto positivo do PPB, que ofereceu fôlego à lucratividade das firmas instaladas no PIM frente à abertura da economia nacional nos idos dos anos 1990, inclusive, nos desdobramentos da sua implementação, oferecendo espaço para novos entrantes. Mas destacar seu lado negativo quanto ao desenvolvimento da inovação tecnológica, na medida em que não damos mais atenção e importância aos programas de regionalização, o que fragiliza os investimentos de P+D vinculantes. Por outro lado, durante o período em que prevaleceu o conceito de IN, mediante progressivos esforços de regionalização, seus números foram crescentes. Tal esforço técnico foi politicamente maculado pela “indústria de componentes”, artificialmente induzida via vantagens espúrias. Sem falar que a adoção do PPB implicou na redução significativa dos níveis de produção, de pelos menos 25% no IN geral do PIM, pois foi exatamente aí que residiu na possibilidade de um maior fôlego. E o que é pior, Manaus não conseguiu construir uma cultura empresarial com capital local que apostasse na trajetória tecnológica que emergiu com o atual paradigma tecnoeconômico. Se há alguma, não tem representatividade expressiva junto ao faturamento do setor eletroeletrônico do PIM. Ou seja, o processo de capacitação tecnológica tardia continua evidente e premente. O mesmo raciocínio valeria para o setor de duas rodas vis a vis a engenharia mecânica. Talvez fosse interessante estudar a possibilidade de combinar PPB, enquanto mecanismo de industrialização, com Índice de nacionalização [IN], enquanto mecanismo de inovação tecnológica.
Diferentemente de Manaus, a Coreia do Sul, como esta forma ordinária já atestou em outra reflexão, aproveitou as oportunidades da transição entre o paradigma anterior e o atual, mediante a formulação de políticas industriais e tecnológicas, elaborados a partir dos anos 1960 com foco na dimensão patrimonial, para desencadear uma efetiva aproximação da fronteira tecnológica, culminando com a emergência de firmas qual Samsung, que em 2009 foi líder mundial de faturamento, exatamente no segmento pertinente à trajetória tecnológica da microeletrônica, superando outras firmas gigantes dos países ditos centrais. Portanto, os investimentos encetados pela Coreia visando acoplamento ativo ao atual paradigma tecnoeconômico foram feitos previamente, duas décadas antes do início do marco concernente apontado nos anos 1980. Não bastasse isso, dizem os especialistas que hoje já é líder nos investimentos para o desenvolvimento de tecnologias verdes. Ou seja, está realmente à frente dos tempos: nem à direita; nem à esquerda, mas simplesmente politicamente à frente.
É importante registrar que toda a configuração de entendimento dos primeiros quatro paradigmas tecnológicos estiveram estruturados sob a égide das teorias clássica e neoclássica, que adotam a tecnologia como algo exógeno, dado, ao sistema capitalista. Considerando a natureza competitiva do sistema capitalista, essa condição é inadequada e insuficiente para a formulação de políticas públicas dos locais que se industrializam tardiamente e que por via de consequência de capacitam tecnologicamente também de forma tardia. Alternativamente, o atual paradigma tecnoeconômico já dispõe de investigações e análises sob a égide da teoria evolucionária, que procura associar a conquista de capacidades e habilidades técnicas como ferramenta fundamental para o progresso e mudança técnica.
Bem, se perdemos a batalha do processo de nos capacitarmos tecnologicamente em tempo real para oferecer soluções tecnológicas às demandas do PIM; se perdemos a batalha do estabelecimento de uma cultura empresarial consentânea, podemos ganhar a guerra junto ao autodesenvolvimento, aproveitando a transição do atual paradigma tecnoeconômico para o próximo, que caminha a passos largos e que os especialistas estão entendendo convergente à nanobiotecnologia. E esse acaso tem tudo a ver com a Amazônia, com os amazônidas e com as amazonidades. E, claro, com as externalidades do Projeto ZFM, que às duras penas vamos apropriando. Essas externalidades é que estão oferecendo a base para que Manaus possa se acoplar no próximo paradigma tecnoeconômico como agente de transformação. Isso também é importante perceber.
Penso que indiretamente a teoria evolucionária já nos influenciou, fazendo-nos perceber que para que sejamos capazes de promover ativamente e não apenas participar passivamente do progresso técnico e da mudança técnica, Manaus deveria fazer investimentos numa ambiência favorável à inovação tecnológica. O Sistema Manaus de Inovação, sem considerar seu atraso de 14 anos, emergiu, ainda que com apenas uma das pernas necessárias para a sua sustentação e profusão no longo prazo, isto é, a de natureza pública. Ao passo dessa evolução histórica, já tardia, mas ainda em tempo para montarmos no cavalo alado do próximo paradigma tecnoeconômico como agentes de transformação, precisamos jogar nossas fixas no empreendedorismo científico-tecnológico, como esta forma ordinária tem defendido. Sem perder de vista a necessidade do estabelecimento da cultura do capital de risco.
Ou seja, os laboratórios instalados e os capitais humanos formados devem investigar e pesquisar orientados e determinados para a realização de amazonidades no mercado. Essa será a segunda perna necessária e indispensável para o autodesenvolvimento, ajustado às grandes tendências tecnológicas, vinculadas ao paradigma tecnoeconômico [nanobiotecnologia sustentável], criando, por força do acaso amazônico, uma trajetória tecnológica alternativa, um capitalismo amazônico, que está alcunhado por esta forma ordinária de growing up.
É com bons olhos que vemos a instalação do Laboratório de Síntese e Caracterização de Nanomateriais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM. Inaugurado no dia 20.04.12, sugere estar adequadamente montado. Parece ser o primeiro do gênero da região Norte. E deverá operar sob a lógica da prestação de serviços tecnológicos e do empreendedorismo científico-tecnológico, além da de geração de papers, pois sob a orientação institucional da UFSCar, uma referência nacional no quesito de integração universidade-empresa e na perspectiva da produção de negócios. Porém, devemos deixar claro que precisamos ocupar os espaços possíveis de desenvolvimento industrial e de inovação tecnológica, especialmente derivados da biotecnologia, sem perder de vista, claríssimo, a nanotecnologia. Manaus anda de motocicleta, quer pegar um foguete, mas não domina um velocípede. Temos que estabelecer uma governança para a adoção de metas e desafios associados a uma política industrial e tecnológica consentânea e de longo prazo, convergente ao processo de growing up, a um capitalismo amazônico. Assim, reforça-se a sugestão da criação de um Conselho Político Estratégico em prol das amazonidades, em prol do autodesenvolvimento sustentável.
Esta forma ordinária já argumenta desde outras oportunidades a lógica do estabelecimento de um alvo móvel que deve partir de uma base tecnológica [já disponível] para uma dada fronteira tecnológica [que deverá ser desejada], mas esse alvo deve estar consubstanciado por firmas de capital local realizados de amazonidades no mercado. Ou seja, podemos e devemos dar pequenos saltos tecnológicos, fundadores de uma trajetória tecnológica alternativa, porque vertida ao autodesenvolvimento, ao capitalismo amazônico, ao growing up, às amazonidades, enfim, rumo ao próximo paradigma tecnoeconômico.
Lembremo-nos que os desafios nanobiotecnológicos deverão ser processados sob a égide, sob a ética da sustentabilidade. Os ingredientes deste desafio são a tecnologia limpa, investimentos verdes e consumo inteligente. Complementarmente, quanto a Manaus, são o empreendedorismo científico-tecnológico, ainda bastante incipiente, combinado com o estabelecimento da cultura do capital de risco, esta passível de ampliação e refinamento, para dar vazão aos produtos, aos outputs, que já podem e devem ser cobrados pela sociedade civil organizada, do processo de inovação implantado em Manaus [leia-se Sistema Manaus de Inovação sob a liderança do sistema Sect/Fapeam e demais parceiros correlatos, quais: Inpa; Fucapi; Ufam; Uea; Capda; Institutos Privados; CBA; CT-PIM; dentre outros]. Precisamos de um mecanismo, uma sistemática para criar, para fazer emergir empresas de base tecnológica, equilibrando oferta tecnológica e demanda tecnológica.
Portanto, podemos e devemos isto sim dar saltos para tentar transpor o sarrafo industrial e tecnológico que impede o nosso autodesenvolvimento, focando no curto prazo e no médio prazo [década de 2011-2020] a biotecnologia e em paralelo e longo prazo [duas décadas; 2010-2030] a nanobiotecnologia, lastreados pelo domínio da microeletrônica. Ao passo das investigações e pesquisas orientadas para amazonidades, fomentando o empreendedorismo e o capital de risco. Só assim superaremos a sina da tardialidade, a sina da industrialização tardia e sina da capacitação tecnológica tardia. Que a década de 2011-2020 seja a década do empreendedorismo científico-tecnológico e do capital de risco. Que na década 2020-2030 estejamos atuando como agentes junto ao próximo paradigma tecnoeconômico.
Para finalizar, damos conta de uma outra boa notícia, apenas aparentemente desconexa, da realização, dia 25.04.12, do Workshop sobre “Gestão, Processos de Trabalho e Desenvolvimento regional”, pelo/no ICHL/Ufam e sob a coordenação do Programa de Doutorado Sociedade e Cultura, que trouxe para discussão uma experiência francesa de formulação de projetos cooperativos entre universidade-indústria na perspectiva da capacitação profissional e da inovação tecnológica. O interessante do contexto dessa iniciativa, em si corriqueira, que vai muito além da busca por mecanismos de integração universidade-indústria, foi estar consignado pelo aspecto da interdisciplinaridade, pois o grande público presente eram mestrandos e doutorandos de várias áreas [desenvolvimento regional; educação; sociologia; contabilidade e controladoria; sociedade e cultura na Amazônia; biotecnologia; engenharia de produção; ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia], cujos pertinentes projetos de pesquisa começam a se olhar, começam a se paquerar, e quiçá comecem a ficar e a estabelecer relações de longo prazo em prol de amazonidades, em prol do autodesenvolvimento, em prol de um capitalismo amazônico, em prol do processo de growing up, visando o novo paradigma tecnoeconômico que se avizinha e a partir dele a construção de uma trajetória tecnológica alternativa. De quebra, nele ouvimos especialista oriundo do chão acadêmico, com passagem pelo chão de fábrica e agora no chão tecnológico afirmar que, na atual era digital, o PIM está relativamente menos capacitado tecnologicamente do que na anterior, a chamada era analógica. Tal afirmação comprova, mais uma vez, a lógica da capacitação tecnológica tardia [e nossas lentas providências para a sua superação]. Não podemos dormir no ponto. Precisamos desfazer o círculo vicioso da tardialidade com a lentidão, estabelecendo um círculo virtuoso da combinação sinérgica PPB versus IN, no quesito do enraizamento das firmas do PIM, e do empreendedorismo científico-tecnológico vis a vis capital de risco, no que concerne ao capitalismo amazônico.


[1] Ver o Capítulo Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas, de Renata Lèbre La Rovère, contido no livro Economia da Inovação Tecnológica, organizado por Victor Pelaez e Tamás Szmrecsányi, publicado pela Editora Hucitec e Ordem dos Economistas do Brasil, em São Paulo, em 2006.