20/12/2025

SEM ANISTIA!

 

Anistia: como assim? Por Antônio José Botelho, em 19 de dezembro de 2025

É como o presidente Lula tem dito: o julgamento das tropas&trupes ainda nem foi plenamente finalizado e já foi aprovada nova dose de penalidade. E isso tudo em função de um único CPF, carreando os adeptos&asseclas. Inacreditável!

Em verdade, é sim acreditável, pois foi a grande herança política que essa vertente ideológica, de ultra&extrema direita, deixou para o país&nação. Ou seja, um parlamento cuja maioria é de direita, desde o centrão, que há tempos aprova a toque de caixa corporativista as leis pátrias&mátrias. Nesse desiderato, é gigantesco o saldo de fileiras evangélicas na Câmara, que pulou de uma para nove, segundo um de seus líderes atuais (o mesmo dos $400 mil lacrados e guardados em casa).

Essa conformação arraigada foi possível, inclusive, com a presença marcante de recursos financeiros distribuídos secretamente pelas emendas parlamentares, cujos desvios, aqui&acolá, têm vindo à tona mediante investigações policiais. Ao que parece, poucos parlamentares encheram os bolsos; enquanto milhões de brasileiras&brasileiros permanecem à míngua, com deficiência em infraestrutura econômica, com escassez de escolas&hospitais, e com segurança pública limitada. Portanto, segue o curso dos saques ao orçamento público. Esses assaltos têm sido efetivados desde priscas eras, desde os tempos coloniais até as várias repúblicas durante o século XX, passando pelo império, cujos configurações políticas tiveram várias bandeiras e fronteiras em construção.

É bom lembrar que foi exatamente essa modalidade de assaltar os cofres públicos – o inacreditável orçamento secreto − que manteve o então chefe do executivo, sentado na cadeira presidencial com a caneta nas mãos, fazendo motociatas pelo Brasil afora. Vale a pena relembrar as chacotas&zombarias da época da pandemia? Acredito que não, pois já está em descrédito&desacreditado (ainda que esteja depositando todas as fichas no zero 1)! Os barulhos que essa turma ultra-extremista fez e continua fazendo vem daí, das hostes&hordas parlamentares. Seus slogans são todos questionáveis: falam de Deus, mas será que Deus privilegia o capital em detrimento do trabalho; será que Ele aprova delírios&devaneios antidemocráticos? Falam de pátria, mas será que esse conceito é mais importante do que o de mátria, isto é, será que o país é mais importante do que a nação? Falam de família; mas será que as famílias não podem se transmutar&transformar? Finalmente, falam em liberdade; mas será que esse fundamento só vale e só interessa ao liberal&conservador, sem que seja necessário observar&respeitar os preceitos constitucionais?

Euzinho não tenho dúvidas que se a Dilminha tivesse lançado mão desse expediente, de distribuir dinheiro à rodo aos parlamentares, não teria sido impedida. Até porque os deslizes contábeis são incomensuráveis menores do que as afrontas&arroubos contra a democracia&estadomoderno, que perduraram durante o mandato 2019-2022 (lembram-se do famoso dito napoleônico autoritário "o estado sou eu" verbalizado pelo cidadão no cercadinho? lembram-se, ainda, do cidadão se expondo na mídia cortando cabelo, como fazia fascista Mussolini? ambas as posturas tentando passar domínio da situação, o qual se mostrou frágil). Esse é o ponto: como abrandar&atenuar penas&penalidades de quem conspira contra, de quem trai o estado democrático de direito? Impensável!

Poderíamos fazer um rápido&pequeno paralelo com o tempo em que Lula ficou preso: 580 dias! Foi solto após as artimanhas&ardilosos dos procedimentos&protocolos judiciais levados à cabo no processo pertinente terem sido indagados&inqueridos no âmbito da legalidade (aqui&acolá o juiz-chefe de então recebe uma alfinetada da ordem jurídica). Tal investigação, no contexto do direito positivo, trouxe o ex-sindicalista novamente para o páreo eleitoral, sendo eleito pela terceira vez presidente do Brasil. E ele vai de vento em popa em busca do inédito quarto mandato. Todavia, o atual e mais famoso condenado&detento ainda nem esquentou a cela, e já dispõe de mitigação da pena, cuja possibilidade de efetiva aplicação ainda vai rolar nas instâncias da judicialização, após provável veto presidencial.

Dizem que Lula determinou a condenação dos elementos&indivíduos faltosos&criminosos atinentes&aderentes aos processos ex-ante&ex-post 8 de janeiro de 2023. Como pode? Impossível! A independência do judiciário pátrio&mátrio tem sido inquestionável, mesmo com as pressões do tio Sam. O escorregado na maionese, o pisado na bola que determinou o transitado em julgado representa um marco histórico para o judiciário brasileiro, quer esperneiem&estrebuchem ou não os ultra-extremistas da direita. O resultado prático foi o fortalecimento da democracia pátria&mátria, que segue firme&forte para a próxima eleição presidencial.

Podemos, ainda, ilustrar a aprovação de uma nova dosimetria no senado do ponto de vista das negociações no âmbito de um presidencialismo de coalisão. Se Lula avalizou a conduta do seu líder, cometeu gravíssimo equívoco. Inclusive, contradizendo seu discurso de que o estado democrático de direito é inegociável. Se o senador-líder, que conduziu as negociações, agiu por conta própria igualmente cometeu um grave erro, ainda que seja necessário&urgente cortar gorduras de isenções de impostos e taxar mais&melhor quem fatura horrores, para ampliar o orçamento público, para fins de investimentos em programas desenvolvimentistas&progressistas, que segue(m) engessado(s). Enfim, são as esquisitices&excentricidades de um regime político que exige maioria no congresso para governar com folga. Ou seja, um estado que não tem claro seus objetivos supremos para com a pátria e, especialmente, para com a nação.

Isto posto, por todas as frentes abordadas, a aprovação do PL em foco, que seguiu para ratificação presidencial (ou não), expressa uma porralouquice, considerando as facadas que foram dadas na democracia, no estado moderno; estado esse consubstanciado pela Carta Magna da República Federativa do Brasil. Ou seja, foi um ato muito pouco republicano, ainda que contando com os votos necessários de uma assembleia parlamentar, legal&legitimamente eleita.

Inclusive, resta recomendado que, mesmo com abrandamento da prisão, portanto, para além da condenação penal, todo sujeito que atentar&intentar contra o estado democrático de direito deveria perder os direitos políticos perpetuamente (condenação política), melhor ainda, para todo o sempre, isto é, até em outras encarnações o indivíduo deveria ser impedido de administrar a ordem pública e de conduzir o povo, pois perdeu, de feio e com feiura, a oportunidade concedida pela universo&Infinito para fazer mais&melhor.

18/12/2025

PELA INVERSÃO DO MAPA MUNDI!

 

Em prol do sul global, por Antônio José Botelho, em 17.12.2025


A imagem acima, do mapa do planeta invertido, é bastante significativa em duas frentes de significações. Poderíamos explorar a temática das mudanças&emergência climáticas, apontando para as ameaças&agruras pelas quais passam os países com temperaturas extremas em curto-circuito e tempestades&temporais, na forma de ciclones&tornados&furações, temperadas&turbinadas com queimadas&inundações, que destroem infraestruturas e causam mortes de seres humanos e de animais&plantas, deteriorando as condições das sociedades&economias. No entanto, vou preferir tocar uma janela de oportunidade, exatamente porque poderá salvaguardar a sobrevivência das nações e o equilíbrio da natureza. Na realidade, essas visões se entrelaçam

É claro que penso na perspectiva de se ampliar a dimensão multipolar do poder político e econômico
 dos países para muito além de uma geometria unipolar, determinada pela nação mais poderosa do planeta. Isso foi/é possível, exclusivamente, por ela possuir, frente aos demais países, mais tecnologia e capacidades destrutivas de ataque&defesa, cujo conjunto define um estilo de vida, um modo de pensar e agir no mercado; uma cultura, enfim. Aquém das formas políticas necessariamente ditas, como por exemplo a socialista, estamos abordando a questão dentro do próprio capitalismo, que predomina e que é, até o atual momento histórico, mais compatível com a evolução espiritual do homem na terra

O alinhamento e o ajustamento do capitalismo estão em processo de mudanças&transformações com a introdução do conceito&instituto do desenvolvimento sustentável, quer queiram ou não os liberais&conservadores. Os progressistas conduzem como podem; e os demais conduzirão quando o ponto de não retorno dos ecossistemas ambientais&ecológicos passarem a ser visíveis. É ou seria recomendável que essa postura de prudência&sensatez fosse para antes de ontem, tendo sido o ontem de programações e o hoje de implementações. No entanto, resistência&negacionismo ainda estão presentes nas decisões políticas&econômicas

Assim, fica claro, claríssima a importância da inversão do poder no planeta, dividindo responsabilidades&compromissos de todas as sociedades, visando a manutenção da vida humana na terra. É sabido que a independência tardia das colônias, na forma de países “independentes” foi guiada por interesses econômicos, sob a batuta da ordem política. Desta forma, a hegemonia passou a ser controlada via domínio de mercados com a imposição de tecnologias, que explodem a acumulação de lucros mediante a reprodução constante do consumo. Inclusive, hoje em dia firmas globais, com poderosos recursos de informática, possuem o mesmo poder dos estados nacionais, talvez mesmo até maior poder de influência

Nesse contexto, com mudanças, por exemplo, do padrão-ouro para o padrão-dólar, nas transações internacionais de comércio exterior, só avantajava a hegemonia e o domínio unipolar da nação mais poderosa do planeta. Todavia, esse status quo está no começo do fim. E é para esta nova trajetória de organização da geopolítica que a imagem em destaque aponta. Ou seja, mais países poderosos e influentes estarão cada vez mais atuando em benefício de uma ordem multipolar. Infelizmente, com o concurso de corrida armamentista, pois essa é a linguagem que a humanidade entende&teme. Por óbvio, lançando mão de mecanismos e ferramentas de gestão das nacionalidades independentes dos condicionamentos de domínio criados no pós-guerra e, sobretudo, ratificados e ampliados após a guerra fria. No entanto, naturalmente com a intercorrência do desenvolvimento sustentável pautada na sua ética intrínseca.

Com os mercados acionando novas formas de pagamento das importações&exportações, considerando os negócios internos, estruturadas no desenvolvimento&ética sustentável, a inversão do poder global poderá favorecer&viabilizar o sul global. A expectativa&esperança é que, nesse jogo de poder, as mesmas artimanhas&carapuças políticas de caráter unipolar não sejam (re)aplicadas&mantidas. Oxalá, quiçá o estado democrático de direito seja aprimorado em todos os cantos e nas quatro&oito direções do planeta, viabilizando&promovendo saúde, segurança, educação e prosperidade para todas&todos os seres humanos. As sociedades&natureza agradecerão!

Fomos acostumados a olhar para o hemisfério norte como sinônimo de desenvolvimento; e para o sul como espaço de subdesenvolvimento. Agora, esse cenário pode mudar com a inversão de valores, isto é, podemos entender o hemisfério sul como representando a verdadeira civilidade humana, pois poderá passar a dar exemplos, com a prática, de uma existência no planeta sustentado&autossustentável por uma rede ética de cooperação&confiança multipolar. É difícil, mas não impossível. E o verbo vem na frente como ideia&ideal&ideário fundamental! Neste diapasão, o planeta todo será coroado com o desenvolvimento sustentável, com inclusão social até a exaustão, com plena distribuição de renda, com a superação das desigualdades sociais, via igualdades de oportunidades, e com renovadas&recorrentes mitigações ambientais, estabelecidos a produção&distribuição&consumo limpos&inteligentes.

Porém, essa simbiose sinérgica entre norte&sul não poderá ser às custas das soberanias nacionais. Exemplo lapidar é a reedição da doutrina Monroe pelo atual chefe norte americano, que trata as repúblicas americanas como subordinadas aos tio Sam; vale dizer, as trata como se fossem quintais estadunidenses. A peia militar à Venezuela é surreal, ainda que possamos ter restrições às opções ditatoriais de chefe bolivariano. Neste sentido, a resistência histórica cubana é heroica, apesar dos desatinos democráticos, isto é, a família Castro já deveria ter “dado no pé”. Tampouco, outros chefes nacionais de alhures devem resolver questões de fronteira pelo conflito armado. Lembremos sempre que a democracia, ainda que imperfeita, é a melhor solução política, por hora. Que haja paz!

Isto posto, com o ajustamento&alinhamento do capitalismo à multilateralidade e à ética sustentável, haverá um assentamento da paz&bem na terra! Especialmente, se cada um nós conseguirmos a necessária transformação espiritual, onde a competição&acumulação cedam lugar para a fraternidade&solidariedade. É uma utopia, dentre outras; contudo, são elas que nos movem! Idealmente, que as intenções&atitudes sejam corretas&justas! Não há tempo a perder! A luta não pode ser individual, mas deve ser coletiva em prol da dignidade&elevação de todas&todos!

13/12/2025

Viva a democracia brasileira!

 

Fica ministro! Por Antônio José Botelho, em 12 de dezembro de 2025

O paladino da democracia tem determinado duros golpes à extrema direita pátria. Com coragem e competência agiu com correção dentro do campo penal, ainda que se possa questionar o método e a metodologia jurídica. É que, no direito positivo, a interpretação e aplicação das leis é parte da autonomia e soberania dos juízes. E isso aconteceu mesmo com o tio Sam urrando. Tal rugido se transformou num miado, sem maiores prejuízos, apesar das perdas econômicas decorrentes de medidas protecionistas, determinadas por ações politiqueiras contra o próprio país, articuladas por um sujeito que, em tese, seria o candidato da direita em 2026. No bojo, restrições financeiras e econômicas às autoridades.

A tentativa de livrar a sentença e pertinente cumprimento da pena, agora imposta progenitor do político faltoso, em trânsito julgado, se mostrou desastrosa e profundamente humilhante para esse grupo de radicais. Esse grupo político ao invés de ter governado, segundo seus ditames liberais e conservadores, buscou o pior, um regime de exceção. Perdeu playboy!

Tentaram bagunçar o coreto deste a pandemia, sequenciado nas eleições. Porém, a turma de juízes, tanto no quesito democrático quanto na perspectiva de cobrir o vácuo da inércia administrativa, agiu em prol da mantença constitucional e executiva. As eleições aconteceram e medidas regulatórias e executórias foram levadas a termo.

Pode-se até admitir determinado ativismo político. Todavia, uma reação é possível e necessária quando uma ação ou inação vem para prejudicar o tecido social como um todo. Chamaram de todos os adjetivos possíveis, incluindo ditador de toga e ditadura do judiciário, além de imputar o já tradicional fora, Moraes. Na realidade, foram incapazes e insensíveis de reconhecer o valor da democracia em curso, sob o albergue do estado moderno.

Sabemos que existem falhas, que pontos e processos devem ser aprimorados, especialmente o nível dos parlamentares. Contudo, essa costura fica mais visível num estado de coisas legais e legítimas, verdadeiramente dentro das quatro linhas, com o leme do conhecimento guiando as decisões. E não de forma estabanada e atabalhoada, estabelecendo um “faz de conta” institucional em benefício de uma ideologia extremista, preconceituosa, etecetera, especialmente negacionista, frente às ameaças e emergência climáticas.

É visível o desequilíbrio do grupo, cujos principais integrantes agora brigam por uma, duas ou mesmo três indicações para a candidatura que as represente. Essas escolhas recairão entre políticos de um espectro que vai do centro até a extrema direita, passando pela própria direita. Portanto, devem se fracionar para se unirem lá na frente, caso haja segundo termo. Mas vão pegar um candidato progressista forte, que segue acumulando vantagens, especialmente sob o slogan efeito Lula: empregos em alta, fome zero, inflação sob controle, produto positivo, ainda que com uma taxa básica de juros da economia estratosférica que, ao fim e ao cabo, protege os rentistas, via dívida pública.

Extremamente hábil em negociações, que é a praia do presidente, Lula arrefeceu o ímpeto do tio Sam, alimentado por notícias falsas e mentirosas acerca de democracia brasileira, que segue firme em processo de aperfeiçoamento. Os conflitos com o congresso, de perfil de direita, soam de forma desarmoniosa para a sociedade, pois cada qual quer assegurar seu naco de eleitores, mantendo espaços de visibilidade. Mas até nos pontos cruciais, a turma de juízes tem mantido os ditames constitucionais. Os parlamentares fora dos quadrantes regimentais, ou mesmo fora da lei, devem continuar perdendo seus mandatos, e até mesmo serem condenados e presos.

Nesse vale tudo, o uso do estado de saúde do genitor deve ser usado como arma para novas agressões e sobrevida política. E pasmem, vídeos robotizados, enviados mecanicamente de forma intensa, já estão comovendo, na grande rede, senhorzinhos e senhorinhas saudosas. A ideia é insuflar a bolha extremistas, que, todavia, já está furada e murchando. Entretanto, tudo deve estar sendo providenciado com respeito à dignidade e às necessidades médicas do inonimável-inelegível, porém, sem refresco; como aliás deve ser com todo detento-presidiário. Refresco quem volta a desfrutar é o paladino da democracia, que retorna à regularidade financeira e econômica global da modernidade, nas bandas de cá, ainda comandada pelo tio Sam.

Na qualidade de um ex-quase anarquista não deveria aplaudir a democracia burguesa, eivada de vícios e desvios. Apesar de oportunizar a alternância de poder, os políticos eleitos pecam por não respeitar compromissos assumidos, e, dentre outros viéses negativos, por macular, às vezes indiscriminadamente, o orçamento público - vejam vocês, ainda há resquícios da prática do orçamento secreto, iniciado no governo passado de extrema direita. Contudo, mesmo ainda privilegiando a maioria em detrimento das minorias, quando os governos se posicionam nos extremos, devemos respeitar e fazer reverência ao estado moderno, que sucedeu o aristocrático. Ou seja, o instituto estado ainda é necessário! O importante é que esta sucessão está pautada na democracia republicana, e não em sequências hereditárias monárquicas; até o momento o melhor instrumento de orgazanização social já elaborado pelo homem, que, combinada com o desenvolvimento sustentável, representa a melhor opção para a humanidade e para a natureza. Pisou na bola, troca de comando! Então, viva a democracia brasileira! Viva a democracia! Viva!

09/12/2025

Uma homenagem ao João Bosco Botelho, 77, em 9 de setembro de 2025.

 

Obrigado meu irmão, por tudo!

João partiu esta madrugada, no Rio de Janeiro, ao lado de sua esposa e filhas. Depois de uma existência de muitas vitórias, chegou o momento de retornar. Está dolorido, mas temos que voltar! Aqui, aprendemos e nos curamos, a fim de viver a eternidade, agora, livre de limitações!

Devo muito a ele! Ele foi como um pai para mim, na adolescência. Quando morávamos em Niterói ele cuidou d’euzinho aplicando vacinas contra alergias e orquestrando um equilíbrio para fortalecer o corpo e enfrentar a asma. Como adulto recebi apoio dele no casamento e no acesso à Suframa. Procurei e procuro honrar essa ajuda, tanto no matrimônio quanto profissionalmente, e mesmo em outros temas e temáticas de espaços e tempos, atuando e me comportando sempre de forma crítica, com liberdade e independência, portanto, seguindo a minha natureza. A Bhagavadgita, bíblia hindu, ensina que melhor cumprir mal a nossa missão do que bem a de outrem.

Recentemente, em Manaus, esteve ao meu lado quando fiz a revascularização do coração. Igualmente me acompanhou quando ano passado fiz a cirurgia de remoção dos pólipos. Sempre orientando o melhor segundo seu conhecimento e experiência. Aqui é notório que realizou uma trajetória profissional fora da curva, para muito cima da média, tanto como médico quanto como professor. Essa performance talvez tenha sido sua maior contribuição para a minha existência, como referência na busca contínua do conhecimento. Sua coleção de títulações e condecorações, acadêmicas e científicas, atestam esta percepção.

Casou-se com a Dayse e teve três filhas: Renata, Flávia e Raquel, que lhe deram netos e netas. A eles todos deixo aqui meus sinceros sentimentos, desejando que permaneçam em paz, para que ele passe em paz para a dimensão que o Absoluto lhe dedicar, visando continuar cumprindo sua evolução espiritual. Neste quesito, sou egoísta, pois desejo que ele se una à Brahman, como Atman que somos! Tal qual como desejei o mesmo para o Botelhão (2005) e a Elizoca (2013), nossos pais. A família Lopes Botelho, assim, perde mais um membro, meu irmão João. Euzinho, Sebastião, Maria da Glória e Maria da Conceição continuamos aqui, aprendendo e nos curando.

Euzinho, a Quinhazinha, minha esposa Ana Cristina, a Carolina e a Catharina, minhas filhas, estamos tristes e chorosos, pois a presença dele junto a família Ribeiro Botelho sempre foi de muito carinho e atenção. Ele salvou muitas vidas e formou muitos profissionais que, sem dúvida, reconhecem o valor dele como homem e como profissional. Portanto, tem muitos méritos, deixando um legado robusto!

Meu irmão, vá em Paz e na Luz! Obrigado por tudo!

SempreLuz! Antônio José Botelho, 66.



08/12/2025

SOBRE A ATUAL POLÍTICA EXTERNA DO TIO SAM

 

Os donos do mundo, por Antônio José Botelho, em 7 de dezembro de 2025

Assisti, recentemente, uma série da Netflix intitulada os donos do jogo. Então, veio a ideia de fazer essa reflexão comparando situações. A série conta uma história fictícia a partir de dados da realidade. A história se passa na cidade maravilhosa enredada por disputas de poder em territórios esgotados por criminalidade. O enredo mostra a ambição onde a busca pelo poder é o principal ingrediente. Os atores fazem parte de uma família de contraventores do estado alimentados pela traição para a conquista de novos territórios e negócios consequentes. As famílias consanguíneas valem menos do que os arranjos de líderes do crime. E isso tudo com dinheiro a rodo sobre a miséria e a pobreza das comunidades. Daí até os donos do mundo é um pulo!

Sabemos que as civilizações são moldadas com tecnologia e cultura, que perfazem uma simbiose econômica sinergicamente positiva de hegemonia, supostamente. A estrutura política é mantida com armas, utilizadas em guerras produzidas por direito e em benefício próprios. A ideia é a expansão e mantença de territórios para que rezem o mesmo terço, o mesmo mantra. No caso, o que predomina na era moderna é a devoção ao capital, via competição e consumo, consubstanciando a economia. A outra face da moeda, chancela a ordem politicamente aceita. O que desviar desse padrão deve ser corrigido e atualizado.

Nesse jogo temos agentes expansionistas, que avançam nas disputas territoriais, e não-expansionistas ou neutros, que obedecem a soberania das nacionalidades que compõem o tabuleiro mundial. Quero focar os audazes, que impõe as ordens políticas e econômicas às republiquetas mais frágeis, ou seja, que possuem menos tecnologia, uma cultura incipiente e armas de menos. É importante vocês irem focando um comparativo entre os donos do mundo e os donos do jogo carioca, da série fictícia. Destaco que o jogo entre países é “real” – entre parênteses porque a Verdade é de outra dimensão.

Gostaria de explorar dois exemplos; um do século passado, outro atual, os quais serão emoldurados numa determinada estratégia imperial. O do século passado é a invasão e tomada do Tibet pelos chineses, que hoje segue aceita pela comunidade internacional, apesar da resistência fraterna do Dalai Lama. A grande motivação sino, sem dúvida, foi o acesso às riquezas naturais tibetanas, uma nação de viés compassivo, sob o argumento de que outrora o território era chinês. Portanto, a intencionalidade é econômica. A atual é a invasão russa ao território ucraniano, com base no pretexto de defesa de suas fronteiras, hipoteticamente ameaçado com a possibilidade de adesão da Ucrânia à Otan, tratado pós-guerra que organizou a geopolítica resultante dos horrores e monstruosidades do nazismo, neutralizando-as. Assim, a intenção é política. Há outras citações possíveis, pois o cenário global é efervescente em crueldades políticas-econômicas. Porém, esses dois bastam para ilustrar a ameaça que paira sob as republiquetas das Américas.

Isto posto, chegamos ao corolário estadunidense à doutrina do tio Sam para a banda de cá. Com o seu arsenal de guerra já estabelecido no Caribe, para alinhar o nacionalismo bolivariano, justificado pela existência do tráfico de narcóticos, nada impede que o Gerald Ford seja transferido para a baía da Guanabara. Lembremos que a Venezuela é dona de uma das maiores reservas de petróleo do planeta. Os extremistas da ultradireita pátrios ficam igual a pinto n’água com esse cenário desastroso. Vejam aí a convergência das encrencas: do jogo do bicho com o jogo global pela hegemonia político-econômica dos territórios. O respeito à soberania dos povos deveria ser observado, sendo louvável a ajuda educadora, via programas de erradicação pacíficos, ainda que de difícil eficácia. Todavia, não faz diferença, pois a motivação é a ambição ao poder. Ainda que o presidente pátrio-mátrio tenha si antecipado com uma proposta de ação conjunta contra o crime organizado, nada impede a mudança do humor do xerife do planeta, que se autocondecorou com uma medalha de promotor da paz de ordem futebolística. De fato, o esporte aponta para a fraternidade, mas... Lembrem-se que o chefe estadunidense anunciou o propósito de anexar a Groelândia ao território do Tio Sam; que audácia!

É sabido que a abordagem progressista mátria-pátria segue cautelosa em função da presença conservadora formadora do país. Tanto que duas cartas foram necessárias para acalmar os ânimos das elites em 2001 e 2019. Assim sendo, o ímpeto continua fervente, basta ver as estratégias politiqueiras dos inconformados com a proximidade da finalização do processo legal, que culminou com a prisão dos que intentaram contra a ordem democrática estabelecida. Mesmo sendo a ordem progressista cumpridora dos deveres constitucionais, nada é permitido para além da segurança dos rentistas, por exemplo. Seus direitos são restritos e as rédeas são sempre curtas. Por exemplo, a simples taxação dos super ricos numa dimensão mais justa, frente à base da pirâmide, é tomada como coisa de outro mundo.

Destarte, o corolário-doutrina estadunidense de política externa do tio Sam constitui outro fantasma para a soberania das republiquetas americanas, assim como o ameaça do “comunismo” – entre aspas porque seu conceito é equivocadamente utilizado – foi durante a guerra fria, que esquentou a política do período histórico após o encerramento da segunda guerra. Ou seja, a moldura civilizatória, tanto ocidental quanto oriental, quer sob a orientação cristiana ou confuciana, segue o rito do capital, sob as batutas da tecnologia, da cultura e das armas. Aqui, é importante fixar uma convergência vergonhosa entre a lógica dos donos do mundo e dos donos do jogo: é que a maioria dos países periféricos continuam em busca do mito do desenvolvimento, assim como as periferias de suas cidades seguem mergulhadas na miséria e pobreza, sem saneamento básico pleno, sem segurança completa, sem saúde adequada e sem escolas continuadas. Então, a suposta sinergia positiva, da dimensão econômica, é, de fato, relativa. O destempero segue inarredável mesmo com as palavras de fé e de irmandade dos líderes espirituais; no momento, tenho percebido, especialmente, a preocupação do Santo Padre. Os países modernos guerreiam quais as tribos na Idade da Pedra; agora com aparatos mortíferos de amplo espectro. Por certo, a China já ameaça este status quo se transformando no maior laboratório do planeta, depois de ser reconhecida como a sua fábrica. A experiência histórica que tem viabilizado confrontar a hegemonia unipolar é a do capitalismo nacional-desenvolvimentista. Além disso, e por conta disso, avança com uma poderosa condição armamentista, cuja corrida correlata relativiza igualmente a dimensão política. Quiçá, oxalá o Brasil sente no conselho de segurança da ONU sem bomba atômica. Quem sabe o paradigma não se transmuta?

Não obstante, como tudo em manifestação no mundo dos fenômenos relativos, transitórios, impermanentes e efêmeros, esta estrutura, de uma forma ou de outra, vai ruir como ruíram outras civilizações que existiram na face da Terra, mesmo que com a resistência dos conservadores. O ideal humanitário haverá de se oxigenar promovendo maiores e melhores conquistas para todos os seres humanos, como já consolidadas as relativas à superação da escravidão e de emancipação da mulher. Agora, persiste o desafio de nivelar igualdades sociais, em termos de oportunidades, junto com o estabelecimento da ética sustentável, ainda carente de plena concordância e de acordos factíveis. Neste sentido, o desafio é enorme, exigindo muito trabalho e boa vontade. O esforço expansionista dos donos do mundo bem que poderia ceder lugar e recursos para as exigências de sobrevida em equilíbrio das nações e da natureza.

Nota: apesar de determinada consciência mundano-secular, que aponta para o coletivo, e mesmo, no limite, para a humanidade, o autor segue buscando revelar o autoconhecimento, já disponível, quando, então, poderá viver livre de qualquer padrão de comportamento e/ou redes de condicionamentos, que limitam e encapsulam a consciência individual aquém da plenitude e infinitude.

25/11/2025

Carta Aberta ao Brasil

Manaus, 25 de novembro de 2025

Brasileiras&Brasileiros!

Assunto: Liberdade&independência, via conhecimento!

Cresci sendo induzido e incentivado a estudar. Assim, passei a acreditar que o conhecimento é a melhor forma de acessar o mercado e melhorar a qualidade de vida. Portanto, minhas condições objetivas de existência, desde a primeira infância até agora na segunda adolescência, têm sido medianas, ou seja, não nasci em berço de ouro, mas não me faltaram escolas e livros. E essa disponibilidade transitou, num sentido amplo, numa linha do tempo que veio desde uma ditadura, vivida sem consciência, até a presente configuração social pátria e mátria, consubstanciada por uma democracia necessária e possível.

Mesmo os riquinhos devem estudar para manter e ampliar os negócios. Porém, tem os de fora da curva, tanto para cima, que fazem fortunas, quanto os debaixo, que perdem todo o patrimônio. Os pobres podem até dar sorte no mercado, comprando e vendendo, e se safar da dura e cruel sobrevivência. Contudo, com conhecimento é mais seguro progredir e evoluir.

O modo capitalista de organizar a sociedade tem basicamente três estratégias de entrar o mercado:

1. Comprando e vendendo mercadorias. Comércio; a forma básica de fazer a roda da economia girar;

2. Transformando insumos em produtos. Indústria; atividade humana que tem oportunizado ao mercado produtos cada vez mais tecnológicos e inovativos;

3. Vendendo a força de trabalho. No meu caso, vendi, majoritariamente, ao estado brasileiro, como pequeno burguês – conceito integrante da teoria marxista do materialismo histórico; servidor público que serve a sociedade por meio do estado democrático de direito. Não obstante, a força de trabalho pode ser vendida de inúmeras formas, indo desde as atividades de cortadores de cana de açucar até os CEOs de grandes firmas globais, passando por professores, que instruem, e cientistas, que investigam. Esta maneira de ganhar dinheiro também contém o que normal e convencionalmente se categoriza como serviços, na forma de prestação e de prestadores.

As três, com certeza, rodam melhor com conhecimento, que deve ser retroalimentado com atualizações e, sobretudo, com experiência. Só assim conseguimos pagar as contas e viver com liberdade e independência na ordem capitalista da competição e acumulação, para apropriar e consumir. O desafio civilizatório de trazer bilhões de seres humanos miseráveis e pobres para o mercado de trabalho e de consumo é colossal e hercúleo. No Brasil, ainda somos milhões e milhões às margens das escolas e faculdades e distantes do mercado e do consumo.

Apesar de acreditar que o processo civilizatório está numa transição, está em transformação e que, talvez apenas talvez, minhas netas irão viver num mundo minimalista, onde menos vale mais, nunca o conhecimento será de somenos e trivial! É bom registrar que não falo de profissões, que igualmente estão em transformação com a IA, mas de conhecimento como lastro existencial! Ainda que essa bolha delirante corra risco de estourar, segundo especialistas, neste tempo futuro, coisas, eventos e relações terão pesos e medidas diferentes das atuais. Conhecimento é conhecimento, ponto final!

E isso tudo só acontece sob a batuta do instituto estado, cuja possibilidade de superação é, até o momento, inimaginável e insondável, para o atual estágio espiritual do homem, que segue bruto e ignorante. A perspectiva da liberdade libertária e da solidariedade econômica continua velada e oculta para a humanidade. Quem sabe não chegue o tempo de cooperar ao invés de competir, de contribuir ano lugar de consumir!? No limite, numa perspectiva espiritual, a ignorância só será dissipada e zerada completamente com o autoconhecimento. Todavia, essa é outra história...

Isto posto, viva o estado democrático de direito! Minha reverência e respeito a quem zela e aprimora a democracia. Os regimes de exceção, tanto à direita quanto à esquerda, são excrescências ao estado moderno. Marchar para a extrema direita, com o autoritarismo, ou revolucionar à extrema esquerda, com o totalitarismo, deveria ser letra morta frente às mudanças e emergência climáticas. Idealmente, todos os estados nacionais deveriam apontar para a frente, para o desenvolvimento sustentável, para a ética sustentável.

Para tanto, todos os esforços deveriam ser investidos na educação e instrução, do nível fundamental ao superior, passando pelo médio, enquanto estratégia de liberdade e independência para todos e para todas. Neste diapasão, recursos para a guerra, e mesmo para a defesa, seriam, socialmente, redirecionados. Quiçá, oxalá cada vez mais com aprofundamentos e especializações, gerando ciência para tomadas de decisões acertadas e adequadas. Nessa configuração, ou seja, sem negacionismos, o conhecimento evitaria desvios e catástrofes. Simples assim!

Que o Brasil possa oferecer e manter educação e instrução para todas as brasileiras e para todos os brasileiros!

SigamosemPaz!

SempreLuz! Antônio José Botelho.

Nota 1: a ideia de velar o momento histórico do trânsito em julgado não possui abordagem individual, até porque o dedo em riste já está com o peso constitucional e a medida jurídica legal e legítima, mas abraçar a sociedade numa dimensão coletiva, que segue salvaguardada pelo estado democrático de direito, lastreado pela constituição federal em vigor, que visa superar o conservadorismo e autoritarismo colonial e imperial, ainda presente nas décadas republicanas subsequentes, na forma de concentração de renda e de terras, cujas inflexões não foram de baixo para cima, isto é, a partir do povo para a nação, mas decorrentes de movimentos comandados pelas elites, que impõem desde então desigualdades sociais, que devem ser removidas com políticas progressistas! O parágrafo longo aponta para uma dada prolixidade. Porém, a ideia é essa mesma, a expressar a complexidade da formação de uma brasilidade justa e equânime. Luz! Antônio.

Nota 2: a finalização do devido processo legal foi chancelado e sacramentado pela segunda turma de juízes da suprema corte do país em 26.11.2025. Luz! Antônio.

Nota 3: esta manifestação complementa e, ao mesmo tempo, é complementada com a reflexão intitulada Sobre política&ideologia: Sinais Autoritários, de 18/19.10.2025, atachada abaixo nesta plataforma Blogger. Luz! Antônio.

20/11/2025

EM PROL DAS AMAZONIDADES!

 Desenvolvimento Libertário: uma fórmula política para Manaus[1]

 

E

laboro essa reflexão com o propósito de, mais uma vez, contribuir para o capital social de Manaus. A ideia fundamental é associar o conceito de liberdade libertária vinculado à teoria anarquista com a possibilidade de se criar um desenvolvimento mínimo e adequadamente autônomo na esteira das amazonidades vertidas à lógica da sustentabilidade. Ou seja, adotar politicamente um ideário de desenvolvimento para todos os locais da Amazônia a partir de sua individualidade diferencial frente à sua dependência com relação ao capital e à tecnologia de outros locais nacionais e internacionais mais “avançados” industrial e tecnologicamente falando.

Para tanto, inicio com o que utilizei de Roberto Freire e Fausto Brito para tentar conceituar liberdade libertária na minha brochura Toques Anarquistas: contribuição para uma visão de mundo alternativa, publicada no Rio de Janeiro em segunda edição, em 2007, pela Editora Achiamé e lançado em Manaus em dezembro, no Chapéu de Zinco da Associação dos Moradores do Bairro de Petrópolis (Somap).

Peço que mais-do-que-leiam, na verdade sintam, para continuarmos no meu raciocínio. Peço que aceitem a associação entre indivíduos, tomados na concei­tuação abaixo, com a figura política de espaços nacionais, cujo desenvolvimento é obtido com a ação de firmas locais inseridas em ambientes inovadores. No caso, tomo a espécie humana, enquanto categoria de indivíduos, como equivalente a Manaus, cuja industrialização se dá com o Projeto ZFM, sendo sua maior expressão de evidência o Polo Industrial de Manaus [PIM]. A nota de rodapé da página 32 do Toques Anarquistas está assim, já adaptando ao presente propósito:

 

Não é fácil escapar do modo de pensar capitalista, ao qual nós estamos sujeitos, para arriscar uma pequena definição conceitual do que se poderia entender por liberdade libertária.

De toda sorte, entendo que ela está estreitamente vinculada à questão da individualidade diferencial de cada um em relação a si mesmo e a todos, no sentido de explorá-la positivamente, de buscar a evasão da opressão e da alienação determinadas por aquele modo de pensar. Roberto Freire e Fausto Brito, no livro "Paixão & Utopia: a política do cotidiano", editado pela Guanabara Koogan, no Rio de Janeiro, em 1991, desenvolveu [página 37] assim a ideia do que denominei individualidade diferencial:

... o que importa é a diferença que resta: o original e único em cada um. A sociedade tradicionalista conservadora e burguesa-capitalista e a socialista-burocrática procuram e querem da pessoa a sua semelhança com as outras. Porque isso a torna mais fácil de ser controlada. E renegam, condenam, excluem, caçam e destroem a diferença. Acontece que, na verdade, cada um é mesmo a diferença: somos essencialmente o que faz nossa originalidade biológica e humana.

Então, ser livre é poder viver ampla e irrestritamente as próprias originalidades únicas, as nossas diferenças. Como? Fundamentalmente, no jeito de amar e de criar. E é exatamente sobre o jeito de amar e de criar de cada um que se exerce a repressão autoritária, o controle social, a favor das semelhanças e pela massificação da média [sinônimo ao mesmo tempo de ninguém e de todos].

Enfim, a liberdade consiste em não se submeter aos obstáculos, à autorregulação espontânea. Consiste em superar a tudo e todos que, unidos e fortes, procuram impedir o exercício das potencialidades espontaneamente revolucionárias em todas as pessoas.

 

É, portanto, como se imaginássemos duas frações matemáticas em que a primeira fosse infinitamente superior do que a segunda relativamente à liberdade libertária. Nesse sentido, o numerador da primeira seriam as diferenças [amazonidades] e o denominador, o somatório das diferenças e semelhanças [amazonidades + PIM] de e para cada ser humano; o numerador da segunda seriam as semelhanças [PIM] sobre o mesmo denominador. Assim,

 

Diferenças

------------------------------------------

(Diferenças + Semelhanças)

 

> > > >.........

Semelhanças

------------------------------------------

(Diferenças + Semelhanças)

 

É com base nessa função matemática que peço que reflitam sobre a fração abaixo (imagine-a), que chamo de desenvolvimento libertário associando-o à lógica de uma perspectiva de liberdade libertária. Faço a simulação, adotando como numerador a potencialidade AMAZONIDADES e como denominador a evidência ECONOMIA DE ENCLAVE INDUSTRIAL, o PIM em transformação para um ambiente construído de vantagens competitivas dinâmicas valorizando, privilegiando AMAZONIDADES, em superação à simples lógica da atração de investimentos a partir da oferta de vantagens competitivas estáticas.

As setas para cima (imagine-as), tanto no denominador, quanto especialmente no numerador, indica que aqui não se trata de negar o Projeto ZFM, mas de tratar suas contradições internas de frente, com vistas a um determinado futuro desejado e normativo, no sentido de não só apenas exploratório, como reflete o discurso e a prática política local, regional e nacional, ao gastar mais energia, expressa em tempo, dinheiro e inteligência com a manutenção de vantagens competitivas estáticas com que a construção de vantagens competitivas dinâmicas. Ao adotar, enfim, o Projeto ZFM como um fim em si mesmo, ao invés de um meio para as transformações social, econômica e política de Manaus e dos locais amazônicos. Observe-se que a seta para cima no denominador, aponta, inclusive, para esse rumo normativo. A seta maior (imagine-a), totalizada integralmente pelo resultado da fórmula, sinaliza a liberdade política e a independência econômica de Manaus, ou de qualquer local amazônico.


Amazonidades: Transformação de insumos e saberes da floresta amazônica em produtos (bens e serviços) e processos realizáveis ou realizados no mercado - sentido econômico - resultante da aplicação de capital local (empreendedorismo) combinada com tecnologia limpa e endógena - sentido ideológico - condicionada por e ao mesmo tempo condicionando uma sustentabilidade socioética-ambiental-ecológica - sentido civilizatório. Vide uso em "Redesenhando o Projeto ZFM: um estado de alerta!". O ideário, vertido à construção da liberdade política e independência econômica da Amazônia e imanente à lógica do desenvolvimento sustentável, também pode ser encontrado nas reflexões de Armando Mendes e Ozório Fonseca. 14:19, 21 maio 2007 (UTC) Antônio José Botelho.

Economia de Enclave (industrial): economia posta em um espaço subperiférico entendida como toda aquela que roda com capital e tecnologia exógenos, atraídos mediante vantagens competitivas estáticas (fundamentalmente incentivos fiscais), onde os lucros retornam aos donos do capital residentes em outras plagas e a tecnologia do chão de fábrica é inteiramente assimétrica com o chão da academia local, constituindo a passagem para uma economia autossustentada a construção de vantagens competitivas dinâmicas que oportunizarão não só a consolidação das firmas existentes mas, sobretudo, o desenvolvimento do empreendedorismo local a partir da emergência de empresas de base tecnológica, cujos produtos e processos estabeleçam sintonia com os insumos, os saberes e a cultura local (amazonidades para o caso dos locais do chão amazônico), enquanto estratégica de inserção positiva e inteligente no contexto da globalização contemporânea, assegurado o consumo local. O termo pode ser encontrado em "Redesenhando o Projeto ZFM: um estado de alerta!". 13:47, 22 maio 2007 (UTC) Antônio José Botelho.


 

Tomem como pressuposto dessa perspectiva o fato de que a organização planetária é estruturada em Estados nacionais e que seu sistema econômico dominante é o capitalista, o qual, que por sua vez, tem no capital seu vetor principal de propriedade privada e na tecnologia sua mercadoria mais nobre [igualmente utilizada como propriedade privada].

Tomem também como pressuposto que a soberania, transcendendo à dualidade absoluta e relativa, é resultante não só mais do poder político sobre o território, mas igual e complementarmente da forma como os capitais sociais dos locais se arranjam em função da produção e distribuição dos produtos e serviços que servem às suas respectivas sociedades. Os resultados econômicos dessa ambiência de empreendedorismo impregnada da cultura da inovação e do crédito adequado, em última análise, devem ganhar o mundo.

Nessa esteira de raciocínio, não consigo entender a Amazônia soberana somente pela atração de investimentos. Aqui tem nada de xenofobismo, mas da elevação ao orgulho legítimo pela construção do desenvolvimento com liberdade política e independência econômica. Esse orgulho se manifestaria, sobretudo, pela emergência de firmas com capital e tecnologia local. Não se tem como comparar a produção high tech PIM, em si mesma perfeitamente mensurável, com as amazonidades enquanto potência. Claro que não, mas não se trata de metrificar e sim, de criar amazonidades.

Assim, seria como na lógica metafísica profano-divino, associando-a, respectivamente, ao manifesto [produção high tech] e ao imanifesto [amazonidades]. Isto é, devemos buscar a transcendência dentro do conteúdo da matéria, transformando em concretude as amazonidades.

Essa transcendência dentro da natureza material e política da dimensão manifesta dos homens dos locais da Amazônia, e no caso presente de Manaus, oportunizaria uma relação custo/benefício extremamente favorável para o desenvolvimento amazônico em bases soberanas, na medida em que o numerador criado e realizado seria infinitamente maior do que as evidências hoje metrificadas da produção high tech.

A Amazônia é um sítio único deste planeta e com singularidade deve ser trabalhada pelo menos enquanto perdurar sua organização social planetária em Estados nacionais, politicamente configurados em territórios que privilegiam seus capitais e suas tecnologias. Para tanto, devemos criar nosso próprio capitalismo, como dito acima, no sentido de mínima e adequadamente autônomo, estruturado no desenvolvimento sustentável, com investimentos verdes, tecnologia limpa, consumo inteligente etc. etc. Esse desafio se supera com políticas de oferta e demanda industriais e tecnológicas convergentes etc. etc.

Para começar fica a proposta de se medir o crescimento econômico de Manaus com base no conceito de Produto Nacional Bruto - PNB, ou melhor, Produto Manauara Bruto, ao invés de Produto Industrial Bruto – PIB. Com isso, teremos a clara percepção de nossa dependência por grandes capitais e tecnologias exógenas.

Essa é outra forma de dizer, de escrever, o que já venho dizendo, escrevendo há algum tempo. E olha que não sou o primeiro, apesar de poder estar sendo original, com a adoção de um paralelo esdrúxulo, como poderiam argumentar sobre o anarquismo, aqueles mais afeitos a modelos cartesianos. O link entre o paralelo, a argamassa que agrega esperanças aparentemente contraditórias está na perspectiva da solidariedade que permeia tanto o princípio do anarquismo, quanto o princípio do desenvolvimento sustentável. Solidariedade social. Solidariedade política. Solidariedade cultural. Solidariedade institucional. Solidariedade ecológica. Solidariedade ambiental. Solidariedade econômica. Solidariedade religiosa. Essas são as trilhas tanto do anarquismo quanto da sustentabilidade.

Após a análise e reflexão, verão que não há nada de extraordinário nessa minha abstração. Tenho certeza que para a consciência de cada qual vertida à uma Amazônia livre e independente, minha abstração será perfeitamente convergente.

A partir do conceito de liberdade libertária derivado do anarquismo fica mais fácil, pois a teoria anarquista prima pelas diferenças entre os indivíduos. De igual forma, a Amazônia deve ser adotada e privilegiada como algo absolutamente diferente.

Os sistemas capitalista e socialista-real aparelham ideologiamente os indivíduos pelas semelhanças. Desta forma, fica possível um maior controle social mantenedor do status quo. O primeiro vitorioso – até o momento contemporâneo – fez o segundo sucumbir ao desenvolvimento tecnológico convertido em consumo de massa, aplicando um controle social muito mais refinado.

A liberdade libertária, preconizada pelo anarquismo, que está acima da liberdade civil, econômica, política e religiosa é visível matematicamente lançando as diferenças no numerador ao invés das semelhanças, estando no denominador a soma de ambas as variáveis.

Para a associação das amazonidades como diferenças e do PIM como semelhanças é passo... Do ponto de vista do crescimento econômico podemos entender Manaus condicionada à trajetória tecnológica derivados dos pacotes tecnológicos exógenos. A base tecnológica da microeletrônica, das TIC’s, da nonotecnologia, de novos materiais, etc., devem estar a serviço, sobretudo, para a emergência de amazonidades, isto é, se tivermos energia, disciplina, coragem e determinação poderemos inverter o jogo do nosso desenvolvimento contribuindo de forma sustentável para um novo marco civilizatório.

Finalmente, tomo a liberdade de fazer homenagem sincera ao Armando Mendes.[2] Ele o primeiro a adotar, segundo meus registros históricos, o conceito de amazonidades numa expressão muito mais larga do que a minha adaptada à lógica da produção e distribuição de produtos e serviços com base em insumos e saberes da floresta, porque a insere na dimensão cultural, como mesmo o conceito de brasilidade. Igualmente, homenageio Ozório Fonseca, um articulista local de referência, que trabalha em seus artigos amazonidades todas as semanas.

 



[1] Reflexão inicial do livro Sínteses & Reflexões: em prol das amazonidades como ideário de desenvolvimento, de Antônio José Botelho, publicado em 2010 pelo www.clubedeautores.com.br .

[2] Armando Mendes, em seu livro Amazônia: modos de (o)usar, publicado pelo Editora Valer, em 2001, anuncia e pronuncia assim, às páginas 82-88, as específicas amazonidades sob sua perspectiva ontológica-ecumêmica-ecológica-profética-produtiva: “Toda e qualquer amazonidades não é senão um caso particular, localizado, da acepção e da concepção gerais de regionalidade. É a feição desta nossa realidade, tanto por obra e graça da natura do sítio, quanto por artes e manhas (artimanhas quem sabe) da cultura nele situada. Não, entretanto, as expressões que venham a defluir de conjunturas econômicas e sociais ou políticas, e sim, as de contextura natural e humanal ou antrópica. Quer dizer: as singularidades amazônicas permanentes, continuadas, as ‘normais’. As geradas in loco e sponte sua, não as contraídas por contágio ou por exposição a outras influências. Salvo, entre estas, as assimiladas e transfiguradas pelo espírito do lugar, que ninguém vive num insular pequeno mundo à margem da multidão. Serão, então, amazonidades derivadas ou adotivas... Acrescente-se: formando bem regionalmente, e com perdão pela insistência, cestas ou paneiros ou cofos de empreendimentos agroindustriais beneficiados por economias de escala e de aglomeração, integrando toda uma extensa cadeia produtiva. Integrada vertical e horizontalmente. Produzindo para robusto mercados forâneos, insisto, aquilo que nos é peculiar [grifei]. E oferecendo até, no primeiro momento, à revelia de uma prévia procura efetiva – a oferta abrindo por mérito próprio clareiras [na vereda normativa; adicionei] e nichos autônomos, perduráveis, para os nossos ‘exóticos’ produtos, em mercados idióticos... Mais: retendo na região os lucros gerados, e reinvertendo-os. Multiplicando internamente (internalizando, não internacionalizando) renda e emprego... Fixando, dessa maneira, de maneira condigna, em nosso interior, populações que na ausência de uma estrutura econômica encadeada ficariam, como em larga medida têm ficado, à deriva. Assumindo, em última instância, as rédeas da nossa caminhada. Praticando, como necessário, em função do seu maior empenho, o melhor dos seus desempenhos. Um desempenho atlético.” Ver-se-á, claramente, que a conceituação que este autor adota de amazonidades está contida na conceituação mais ampla de Armando Mendes, que em nota de rodapé adiciona: “Amazonidade(s), como regionalidade, à semelhança de brasilidade, latinidade, lusitanidade, mineiridade, todos os vocábulos dicionarizados e portando, portanto, carteira de identidade”. Em verdade, deve estar registrado que a sua “Bula Amazônica, comportando uma utopia prospectiva, um projeto propositivo e uma agenda prescritiva” contém, também, o conceito growing up que este autor adota como campo de ação da sua versão restrita de amazonidades, apenas ajustado a códigos quais fronteira tecnológica, sistemas locais de inovação, trajetórias tecnológicas, dentre outros. Ozório Fonseca também adota a definição de amazonidades idealizada por Armando Mendes, tendo, inclusive, registrado trechos da mesma no prólogo do seu livro intitulado Amazonidades, justificando, portanto, o título. Nesse livro, cuja edição está esgotada, Ozório Fonseca reuniu cem artigos publicados no Jornal do Commercio, a qual foi editada para comemorar cem anos daquele Jornal.