Tudo às claras: nova homenagem a 2016!
O lulapetismo com o seu descomedimento em
acumular recursos para financiar a manutenção do poder conquistado determinou a
oportunidade histórica para uma verdadeira lavagem na ética da política
nacional, em especial na sua forma de viabilizar campanhas e de sustentar uma
base aliada, com desdobramentos para a formação de riquezas pessoais escusas.
Já sabíamos que a prática era fraudulenta, sentíamos o cheiro de podridão, mas
a proporcionalidade que a corrupção ganhou corpo na era petista tornou
insustentável o castelo de poder.
Esse tiro no pé foi aprofundado com a
renovação do capital humano das instituições e organizações de Estado, quais
Ministério Público, Polícia Federal, Controladoria, etc. Na realidade, novas
instituições e novas funções de controle foram criadas e paulatinamente
implantadas desde 1988. Aqui, no chão institucional tupiniquim, determinado
decano se mostrou preocupado com o nível e a velocidade das mudanças, pelo que argumentei
que a nova turma era mais bem preparada do que nós quando aqui entramos no jogo
três décadas atrás. Uma nova institucionalidade e organicidade estão em curso
no chão amazônico. Oxalá não dê “com os burros n’água” quanto à perspectiva do
autodesenvolvimento.
Já intuíamos que o processo de
financiamento de políticos e de partidos envolvia a contratação facilitada e onerosa
nas gestões públicas que se sucediam para atendimento das necessidades da
sociedade e do Estado. Em três décadas de falcatruas, a produtividade da
economia nacional tendeu para zero, especialmente nos últimos 13 anos,
considerando a percolação que o lulapetismo permitiu com a sua estratégia de
manutenção de poder. Literalmente, colocou todo mundo no bolo, comprometendo
todos, que em geral eram convidados para assumir pastas ministeriais e postos
no segundo escalão de governo.
Nesse processo, políticos e seus
descendentes tornaram-se, da noite para o dia, empresários e empreendedores de
sucesso, acumulando fortunas e formando impérios, nunca antes visto neste país.
Carros de luxo; mansões e sítios hollywoodianos; vinhos e champanhes de marcas
e safras especialíssimas; jantares espetaculares; viagens inebriantes; barcos e aviões
particulares ultramodernos; relógios, sapatos, bolsas, canetas e gravatas de
grifes; enfim, um estilo de vida nababesca. Em alguns casos, tornaram-se
verdadeiros latifundiários, simbolicamente donos de territórios que se
confundiam com seus estados de origem, acumulando poder nas várias esferas de
governo, entrando ano e saindo ano. Na realidade, os mais poderosos permanecem
por décadas. Os decanos ainda hoje promovem indicações para conferir apoio
político, quer sejam filhos ou apadrinhados políticos.
Todos sabem de tudo! Essa é a impressão
que se tem com as notícias que saem decorrentes das investigações e delações
premiadas, pois todos usam o mesmo sistema de financiamento. São hábeis em
gerar prestações de contas decadentes e mentirosas, com notas fiscais e recibos
falsos emitidos por firmas fantasmas registrando serviços não prestados. Tanto
é verdade, que juízes, policiais e investigadores da nova safra afirmam que a
nação e o solo pátrio estão impregnados da doença cancerosa em todo o tecido
social. E na forma de metástase, eu diria. Aqui, na praça tupiniquim, práticas institucionais
e políticas se sustentavam à base do comprometimento de matrizes de supostas
irresponsabilidades, à semelhante do que se diz que na Petrobrás a corrupção é,
ou era sistêmica. Pelo menos duas delas construídas com imponência já estão
sendo objeto de vasculha de suas contas e propinas, que poderá resvalar em
políticos locais. Em nível mais inferior, mas necessário à competitividade,
ruas e avenidas do palco industrial continua sofrível, mesmo após recursos
disponibilizados em duas oportunidades, os quais talvez tenham sido desviados para
financiar campanhas políticas.
Tempos atrás, cerca de 28 anos, quando
cursava disciplinas do mestrado na UFPb, ouvíamos falar que toda obra pública
realizada no Brasil poderia ser multiplicada por duas vezes e meia. Hoje os
profissionais públicos que caçam corruptos afirmam que o volume de recursos da
sociedade que são drenados para os políticos e partidos é da ordem de RS 200 bilhões
ou mais de reais por ano. Mais do que o atual déficit orçamentário da União. Quantas escolas,
hospitais, estradas, hidrovias, portos e aeroportos não poderiam ser
construídos e mantidos com essa grana? Nessa volúpia nem mesmo funções que
deveriam ser caras para a esquerda ficaram imunes, como sistemas de
financiamento de casas populares, de empréstimos consignados a servidores
públicos federais, de cooperativas de pensões para a terceira idade, dentre
outras que certamente emergirão como metástase. As investigações, apurações e
condenações tomam curso estratégico para não fazer ruir a autoridade política
da República. Os impactos da lavagem ética, portanto, limpam o passado e o
presente, e limparão o futuro.
Todo esse cenário só foi possível
emergir com o tiro no pé do lulapetismo. Tudo na dualidade tem aspectos
negativos e positivos. O lulapetismo trouxe a possibilidade da lavagem ética na
política nacional. Partidos de todos os naipes e políticos de todas as cores
estão de uma forma ou de outra, ou mais ou menos envolvidos com falcatruas e
contabilidades em paralelo à legalidade e à legitimidade. Até os mortos e os
mais tímidos e recatados têm suas responsabilidades no processo, por ação ou
omissão. Mas todos, corruptores e corrompidos, negam tudo, veementemente, como
não se cansam de dizer os repórteres e jornalistas que cobrem as diárias
aberrações estarrecedoras que chegam aos nossos ouvidos.
E o processo pelo que se percebe se
sofisticou. Não basta superfaturar projetos e serviços, cobrando uma taxa
percentual na liberação de toda fatura. Não basta aditar contratos. Vendem-se
influências para a edição de decretos e para a contratação de projetos especiais
e grandiosos, no Brasil e no exterior. Criam-se sistemas que vazam e drenam
dinheiramas para o esgoto da corrupção. Até departamento com expertise na
camuflagem em firma privada associada à corrupção foi estruturado, indo até a
compra de bancos em paraísos fiscais para facilitar as transferências, quando
não são entregues em dinheiro vivo. Cômico era o fato de que no início, com a
inexperiência lulapetista, a grana era transportada até mesmo em cuecas e
calcinhas. Vejam aí que coisa feia.
Sediamos recentemente a Copa do Mundo e
ainda temos obras por conta do evento inacabadas. Sediaremos a seguir as
Olimpíadas e nem todo o aparelhamento público estará executado. O Estado da
Federação sede está em situação de calamidade econômica, sem recursos para
folha de pagamento e contratos essenciais como saúde, segurança e educação.
Violência e epidemias correm soltas às vésperas de receber turistas que
assistirão aos jogos e eventos olímpicos. Esse é retrato do nosso país para o
exterior; um país que parece não toma jeito. Produtividade quase zero!
Renomado articulista e comentarista
tupiniquim afirma que todos temos culpa no cartório, na medida em que todos os
políticos e partidos estão envolvidos até o pescoço com práticas que envolvem
caixa dois e demais ilegalidades. Diz ele que ninguém é bobo nesse processo. Eu
já fiz a mea-culpa me declarando
ex-voto ideológico do PT em 2005, desejando hoje vê-lo na lona, nocauteado.
Mas, a direita conservadora não deve sair ilesa, pois as práticas
potencializadas pelo lulapetismo já eram adotadas desde sempre. As mobilizações
sociais devem manter a chama em prol da correção, antes da ideologia, doa
realmente a quem doer. A lavagem ética na política nacional deve ser finalizada
em benefício das gerações futuras. E os mais fanáticos e fundamentalistas de
esquerda devem aceitar a derrota e aguardar uma nova oportunidade histórica,
para fazerem mais e melhor, mas com correção. Até porque o infinito oceano de
mudanças permanentes fará a roda rodar.
Uma nova política deve ser inaugurada. Um
novo sistema de financiamento e de estrutura partidária deve ser aprovado pelo
Congresso Nacional. As campanhas devem ser o mais simples possível, como me
disse um bem-sucedido empresário engajado no retorno da direita e da feição
conservadora ao poder. Nada de cenas e espetáculos mediáticos e mirabolantes para
impressionar o eleitor. Basta uma câmera, uma mesa, um pano de fundo azul e um
conteúdo programático compatível com o momento histórico. O candidato deve ser
e estar limpo. Ter comprovada experiência competente e demonstrar boas
intenções. Sua declaração de imposto de renda e suas práticas sociais devem ser
acompanhadas de perto pelos cidadãos. Idem, para sua descendência, parentes,
aderentes, amigos e correligionários. A mordomia no Estado deve acabar; esse
custo é elevadíssimo.
Qual a origem disso tudo? Talvez o
Grito do Ipiranga, que inverteu a lógica natural de formação do Estado desde a
formação social de uma nação. Mas certamente passa pela falta de educação e
instrução do povo, que não sabe eleger seus representantes e que não acompanha
de perto suas realizações e desatinos. De igual forma, a formação estatal por
primeiro sustenta a indistinção entre coisa pública e coisa privada, entre
orçamentos públicos e negócios privados. Aqui neste chão institucional até uma
imagem de Nossa Senhora está aposta, como se fosse um santuário familiar,
negando a natureza laica do Estado. Que Ela, que o Universo conspire favoravelmente
para a superação dos entraves e obstáculos para o autodesenvolvimento pátrio,
agora que temos o Custo Brasil estendido para além da deficiência de
infraestrutura econômica, configurado pelo cancro da corrupção. Que ele seja
extirpado! Que possamos manter o alerta e oferecer nossas contribuições
genuínas isenta do cunho ideológico. E neste particular, confesso outra mea-culpa: que apesar de socialista por
convicção, defendo racionalmente um capitalismo amazônico, lastreado por
amazonidades, para conferir a todo amazônida que nasce, vive e morre no chão
amazônico maior independência econômica e melhor liberdade política.
De novo: tudo isso só foi possível por
conta do lulapetismo. Então, ao anverso e às avessas: viva o lulapetismo! O
Congresso Nacional e a sociedade brasileira devem agora buscar novos rumos, com
uma nova sistemática de se fazer política, e, sobretudo, peneirando com bitolas
reduzidíssimas os melhores políticos para nos representar com legalidade e
legitimidade.
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