segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

SOBRE O PROJETO CT-PIM

Nota introdutória: Este texto foi elaborado a quase uma década atrás por este pensador na qualidade de técnico ativo do Estado brasileiro a serviço no Projeto ZFM para entender minimamente o Projeto CT-PIM, visando participar das suas discussões e formulações, além de buscar facilitar o acompanhamento realizado como fiscal do contrato pertinente. Observar que à época ainda não estava clara a emergência do Sistema Manaus de Inovação, nem havia visibilidade do processo de criação e institucionalização do sistema Sect/Fapeam.

Síntese da FASE 0 [zero] do Projeto CT-PIM[1]

A SUFRAMA contratou a Fundação CERTI no final de 2001 objetivando a elaboração de um “ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO TECNOLÓGICO PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS – PIM”.

O Projeto CT-PIM está na lógica do pilar estratégico tecnologia – capital intelectual adotado pela SUFRAMA para a definição do Plano Anual de Trabalho daquela mesmo ano, o qual foi ratificado em 2002, devendo ser incorporado na próxima revisão do seu Planejamento Estratégico.

Os resultados alcançados pela Fundação CERTI, que em tese contribuirão para um posicionamento político-institucional favorável à superação dos gargalos tecnológicos existentes (cenário atual)[2] e a antecipação de futuras demandas em função de tendências tecnológicas, deverão tender a propor um sistema local de inovação, na medida em que se estabelece um futuro (cenário desejado)[3] desejado estruturado numa equação sinérgica entre ofertas e demandas tecnológicas enquanto base de apoio para segmentos atuais (eletrônica de consumo e duas rodas, por exemplo) e potenciais (biotecnologia, por exemplo) vis a vis as perspectivas da microeletrônica e micromecânica.

Para tanto, desenvolveu uma metodologia que abrangeu incorporação da inteligência institucional e acadêmica sobre o Projeto ZFM, de absorção de sentimentos e experiências com entrevistas junto a especialistas e autoridades do Projeto ZFM, pesquisa de campo junto às empresas do Projeto ZFM, além de 10 (dez) workshops de validação das informações e conhecimentos garimpados.

A etapa inicial do estudo contemplou os Resultados 1 e 2, a saber:

1. Cenário Referência de Desenvolvimento Econômico:[4] o estudo propõe o estabelecimento de 5 diretrizes gerais para a consolidação de um desenvolvimento autossustentável referencial:

· tornar a balança comercial superavitária, cujo foco é melhorar a performance das exportações do PIM, no curto prazo, com o objetivo primeiro de zerar o déficit da balança comercial resultante das importações de componentes eletrônicos e outros insumos importados. Em médio prazo, deve-se progredir para um superávit representativo em nível nacional, consolidando a orientação do PIM como polo industrial plenamente integrado no esforço nacional de exportação;[5]

· proporcionar incentivos adequados, com o objetivo de viabilizar uma forte expansão da exportação e condicionar a concessão de outros incentivos à prática de programas de proteção ambiental, desenvolvimento social e integração das empresas do PIM com a economia local, além de uma negociação urgente de uma definição para a continuidade da política de incentivos fiscais.[6] Esta diretriz admite até a negociação de uma “nova cesta” de incentivos, porém mantendo a lógica da superação das desigualdades regionais;

· promover domínio tecnológico avançado, que busca desenvolver, via geração e/ou transferência a competência tecnológica local;[7]

· desenvolver marca forte, que objetiva empreender ações sistêmicas para consolidar a marca “Produzido em Manaus” no mercado mundial como sinônimo de qualidade, tecnologia e promotora da proteção ambiental;[8]

· e, finalmente, constituir cluster sinérgicos, que centra esforços para que os atuais aglomerados setoriais (eletroeletrônico; duas rodas; etc.) evoluam para operarem como clusters de competitividade internacional, interagindo sinergicamente entre si e com as potencialidades regionais;[9]

2. Demandas e Gargalos Tecnológicos do Cenário referência de Desenvolvimento Econômico: o estudo mapeou os gargalos considerando fatores condicionantes de competitividade das cadeias produtivas eletroeletrônico e duas rodas, além dos gerais do próprio PIM. De igual forma, fora mapeados as demandas tecnológicas para a solução daqueles gargalos, além da identificação das demandas futuras que surgirão com as tendências tecnológicas mundiais, objeto de um documento complementar denominado “Análise das Tendências Tecnológicas Mundiais, Nacionais e Regionais dos Setores do PIM”.[10] [11]

Como pode ser observado, o mérito das diretrizes selecionadas pela Fundação CERTI para a estruturação referencial de desenvolvimento autossustentável, objeto do Resultado 1 do Estudo contratado, foi a consolidação de estratégias que o Governo Federal, mediante ação institucional da SUFRAMA, já vinha executando de forma isolada junto ao Projeto ZFM (vide notas de roda pé 5, 6, 7 e 8). A SUFRAMA avança, ainda, buscando estratégias complementares à perspectiva de melhores condições logísticas, visando a consolidação do Polo Industrial de Manaus, além da perspectiva em discussão quanto a promoção comercial.

Por sua vez, a tese fundamental do Resultado 2 do Estudo contratado, foi a percepção de que a oferta de soluções tecnológicas atuais é precária frente as demandas do Polo Industrial de Manaus, e que, portanto, num cenário futuro favorável de desenvolvimento autossustentável, a oferta e a demanda devem estar em prefeita sintonia, especialmente considerando as tendências tecnológicas, tanto dos segmentos atuais, mas sobretudo dos potenciais.

Para tanto, a Fundação CERTI observou que sob o foco dos fatores tecnológicos que condicionam a competitividade das cadeias produtivas estudadas, a questão central está ligada à integração entre empresas, universidades e centros de pesquisa. Neste sentido, percebeu que as instituições de P&D&E&S, apesar de seus esforços, acabam não atendendo as reais demandas das empresas. Tal vazio, adicionalmente, tangencia uma preocupação com os atuais currículos das universidades na formação de capital intelectual para aquele atendimento. Ainda sob o aspecto tecnológico, o estudo contratado pela SUFRAMA evidenciou a necessidade de difusão do conhecimento e informação dentro do próprio PIM, enquanto importante função para o adensamento de cadeias produtivas e formação de clusters.

O estudo ganhou curso de finalização com a apresentação dos Resultados 3 e 4, a saber:

1. Uma Proposta Macro de Desenvolvimento da C&T&I na Região para Superação de Gargalos Tecnológicos e Atendimentos à Demandas Tecnológicas:[12] o Resultado 3 buscou, a partir das informações coletadas nos Resultados 1 e 2, definir que competências precisavam ser dominadas para efetivamente elevar o nível de desenvolvimento da região, detectando quais são os grandes desafios tecnológicos a serem superados. Assim, identificando o domínio das competências que a região possui e contrapondo-o com os desafios a serem superados, se estabeleceu programas e projetos a serem estruturados para dominar, aprimorar e fortalecer competências essenciais ao atingimento de um novo nível de desenvolvimento para a região, que restou denominada de Matriz de Fornecimento. Neste sentido, foram definidos 4 grandes desafios para o PIM, a saber:

· Efetivação da Competitividade: para tal desafio, foram detectados 5 competências a serem conquistadas na região: gestão estratégica, empreendedorismo, gestão da qualidade e produtividade, tecnologia industrial básica e monitoramento e proteção ambiental. Para realização destas competências foram propostos 17 programas /projetos;

· Domínio de Tecnologias Avançadas: para tal desafio, foram detectados 6 competências a serem conquistadas na região: microssistemas, mecaoptoeletônica, tecnologia da informação, projeto de produto e gestão da inovação, processos de fabricação e tecnologia de reciclagem. Para realização destas competências foram propostos 20 programas /projetos;

· Disponibilização de Infraestrutura: apresenta-se como o terceiro desafio da região e para sua consecução será necessário dispor de 3 competências: energia elétrica, telecomunicações e logística. Para realização destas competências foram propostos 8 programas /projetos;

· Viabilização de Fornecedores Específicos: apresenta-se como o quarto desafio da região e para sua consecução será necessário dispor de 4 competências: instalações industriais, mecanismos e componentes eletromecânicos, componentes termoplásticos, embalagem e material gráfico. Para realização destas competências foram propostos 9 programas /projetos.

O Resultado 3 em suas Considerações Finais registra que para a implementação de uma política de C&T&I na região é importante considerar os seguintes aspectos: ambiente: postura pró-ativa/cluster (busca de competências sinérgicas com as potencialidades da região e uma busca por um ambiente de integração entre as diversas empresas consolidando progressivamente clusters); agilidade/timing (muitas competências apontadas precisam ser consolidadas rapidamente para aproveitar as janelas de mercado e diminuir os gaps tecnológicos e permitir uma maior competitividade do PIM); gestão integrada (as ações hoje desarticuladas entre empresas, órgãos de governo, entidades de classe, de P&D, de Ensino e outras, precisam ser coordenadas e canalizadas otimizando recursos e catalisando o processo de desenvolvimento da região); lideranças motivadas e empenhadas (as lideranças precisam conclamar e coordenar os esforços no sentido do desenvolvimento –sobretudo o tecnológico-, não apenas dentro de uma visão de uma empresa ou setor); sinergias políticas pelo econômico e social (é fundamental que haja uma forte atuação política incentivando o progresso da região dentro de um plano factível, audacioso e sustentável); recursos financeiros (um desenvolvimento – sobretudo o tecnológico – nos moldes do que está sendo proposto exigirá uma articulação, entendida vital, para obtenção de recursos financeiros de agências de fomento, investimentos do governo federal e estadual, e outros) e monitoramento e análise de resultados (o sucesso do projeto depende de uma constante análise dos resultados e ações de ajustes rápidas para a correção de desvios e obstáculos não considerados no planejamento).

O Resultado 3, portanto, delineou um amplo conjunto de atribuições a todos os players do Sistema de C&T&I, reservando ao CT-PIM duas missões de caráter altamente estratégico: a primeira será a de gestor para a transformação do aglomerado de empresas em clusters sinérgicos mediante responsabilidade de execução, indução e/ou supervisão dos programas e projetos para a consolidação das 18 competências desafiadoras para o PIM; a segunda será a responsabilidade específica de formação de competência técnico-empresarial em microssistemas, isto é, na capacitação tecnológica de fabricação de circuitos integrados de microeletrônica e micromecânica.

2. Proposta de um Centro Tecnológico da SUFRAMA como Indutor/Apoiador do Desenvolvimento do PIM:[13] o Resultado 4, em verdade, resume propostas de desenvolvimento regional através da estruturação de um sistema de ciência, tecnologia e inovação,[14] que trazem grandes desafios para as instituições de ensino superior, de ensino profissionalizante, centros de tecnologia, e inclusive para empresas inovadoras que devem ser estimuladas através de mecanismos como incubadoras para serem geradas/criadas em Manaus. Trata-se de uma proposta que prevê a existência de um parque tecnológico,[15] com 3 unidades ligadas e voltadas a microssistemas e 1 unidade de gestão estratégica, a saber respectivamente: Centro de P&D para Fabricação de Microssistemas; Centro de Referência em Inovação de Produtos com Microssistemas e Centro de Desenvolvimento Empresarial em Microssistemas, e Centro de Gestão Estratégica.

A tarefa do CT-PIM está centrada em dois aspectos fundamentais. O primeiro, relacionado ao atendimento as demandas através de centros de tecnologia cuja missão é voltada à gestão estratégica de ciência, tecnologia e inovação, para a efetiva transformação de um agregado de empresas em um cluster referência mundial.[16] O desafio é grande, pois o objetivo é fazer Manaus referência mundial no quadro internacional de clusters de sucesso. O segundo aspecto é uma ação mobilizadora de ciência, tecnologia e inovação em microssistemas. A tarefa pode ser visualizada por uma demanda fundamental para se consolidar em Manaus uma gestão estratégica de C&T&I visando a configuração de clusters sinérgicos, a partir de uma grande ação mobilizadora técnico-científica em microssistemas, a ser suprida por matriz de fornecimento constituída de 54 programas e projetos instauradores das competências necessárias para tal intento.

Por sua vez, o Centro de Gestão Estratégica traz em sua concepção a tarefa de dar respostas, seja na questão das cadeias produtivas, das empresas, dos negócios, como das instituições tecnológicas, ajudando a sociedade na gestão do PIM como um todo. Este Centro, além de apoiar a criação de clusters, deverá ser o grande articulador para o desenvolvimento da região. Desse modo, será essencial, além da competência em microssistemas, a competência em diversas temáticas de gestão, com domínio das técnicas mais avançadas, associada a cursos de gestão empresarial, de gestão estratégica nas universidades, no monitoramento, tratamento de informações que promovam o desenvolvimento da região. Ou seja, esse Centro de Gestão é concebido de forma a ajudar tanto as instituições a saberem administrar os seus centros de tecnologia, como ajudar até as empresas na gestão, por exemplo, da produção do chão de fábrica. É atribuída ao CGE uma grande tarefa técnico-científica, que consiste no planejamento e gestão do Sistema de C&T&I da região. Neste caso, a tarefa poderia ser visualizada por um esforço de gestão numa relação biunívoca entre desafios a superar e áreas do conhecimento a dominar. Assim, dever-se-á superar questões de chão de fábrica, de cadeia produtiva, empresarial, negocial e institucional, de inovação, tecnologia e de clusters com saberes em estratégia, capital humano, em gestão do conhecimento e da informação, inovação e qualidade, produtividade e engenharia de produção, em ecologia e meio ambiente e segurança.

A tarefa central do Centro de P&D para Fabricação de Microssistemas é a de criar um corpo técnico e de conhecimento para atrair uma empresa de fabricação de CI que venha montar a sua minifábrica na região, enquanto um novo modelo de produção de CI e dispositivos micromecânicos (MST), que oferece uma maior flexibilidade e menor investimento inicial comparados com o modelo tradicional de fábricas hoje (2002) em operação. O processo de evolução daquele Centro, que tem riscos, mas é factível e fundamental que aconteça. Seu cronograma, dimensionado entre 2002 e 2008, previu quatro grandes estágios: i] planejamento até 2003 a partir da atração de especialistas tanto por repatriamento quanto de aposentados, nacionais e estrangeiros; ii] fase da implantação até 2004, com esforços de agregação de valor, formação e capacitação progressivamente de capital humano. As medidas de atração de talentos e formação de RH se intercruzam enquanto inputs indispensáveis para a operação da primeira minifab; iii] de operação da primeira minifab [ASICs; CIs] até 2006, com medidas que vão de spin off induzido até atração propriamente dito, combinados ou não; iv] a partir de 2006 efetiva-se o processo de consolidação com a busca do suporte permanente de tecnologia e inovação e com a implantação de uma segunda minifab em 2008.

A tarefa do Centro de Referência em Inovação de Produtos com MST é realizar uma ação de suporte as empresas na criação e produção de produtos inteligentes, na medida em que Manaus precisa de empresas inovadoras, que identifiquem oportunidades e, que de uma ideia, consigam desenvolver um produto de sucesso no mercado. Aquele Centro ajudará a empresa inovadora na configuração do negócio, do produto e do processo, inclusive ambiente fabril, trabalhando de forma coordenada entre a universidade e a própria empresa inovadora, constituindo, assim, uma ponte para superar a complexidade dessa comunicação. A função do Centro pode ser visualizada como uma ponte entre as diversas tecnologias que são geradas nas universidades e institutos de P&D e as empresas inovadoras que efetivamente lançam os produtos no mercado. O Centro de Referência em Inovação prestaria serviços tecnológicos nas diversas áreas que envolveriam o lançamento, indo desde o negócio propriamente dito passando pelo produto e processo, além de questões ambientais para a efetivação do processo de inovação tecnológica. A proposta é que essa transferência de tecnologia se dê com rapidez, sigilo e interação, adotando métodos de gestão e tecnologias modernas e avançadas para que os produtos inovadores gerados sejam lançados no mercado.

A tarefa do Centro de Desenvolvimento Empresarial – CDE em Microssistemas, por fim, tem como foco o processo de atração, criação e desenvolvimento de empresas/produtos (Design Houses - DH[17] e Empresas de Base Tecnológica – EBT), que terá duas incubadoras associadas com empresas que vão ser usuárias do Centro de Referência em Inovação. O processo de monitoramento do CDE será permanente, pró-ativo à prospecção de negócios empresariais em microssistemas, avaliando as oportunidades de investimentos e desenvolvimento econômico das empresas, para o qual é necessário pleno entendimento e domínio tecnológico avançado, observando e monitorando tendências internacionais. A ideia é que esse Centro funcione em curtíssimo prazo centrado em DH. A partir de 2004, propõe-se a criação do Parque Tecnológico, já acima citado, onde estará implantada também uma incubadora de EBT de microssistemas. A evolução de sua infraestrutura foi idealizada num cronograma que vai de 2003 a 2020. Até 2004 operando em instalações provisórias de 500 m², quando deverá passar para instalações definitivas envolvendo o cenário final do ParqTech com 1.500 m² destinados para incubadoras de design house e 4.000 m² para incubadoras de EBTs na área de MST, operando com expansões futuras previsíveis até 2020.

Estima-se que já em 2008, contudo, 54 empresas de pequeno, médio e grande porte (2 minifrábrica de CIs/MSTs; 5 DH incubadas + 14 instaladas no parque tecnológico; 12 EBTs incubadas + 21 instaladas no parque tecnológico), estejam operando segundo a lógica do Parque Tecnológico pertinente ao CT-PIM, o qual terá um custo acumulado até 2005 em torno de R$ 324 milhões[18]. A ideia, entretanto, é de que o volume de tributos e de massa salarial decorrente do faturamento daquelas empresas, girando em torno de R$ 575 milhões por ano, adicionadas às receitas de projetos de novos produtos, serviços de suporte e royalties do Centro de Referência em Inovação de Produtos, da ordem de R$ 23 milhões já em 2006, caracterize, com a conquista do círculo virtuoso, o CT-PIM, para a sociedade local, com uma relação custo-benefício muito atrativa.

A implementação institucional e jurídica do CT-PIM que apresenta as maiores vantagens se dará mediante a constituição de uma ORGANIZAÇÃO SOCIAL.[19] As vantagens para essa qualificação são as seguintes, segundo o levantamento do Estudo elaborado pela Fundação CERTI: i] Conselho composto por entidades da sociedade; ii] Pode receber recursos orçamentários e bens públicos; iii] Oferece flexibilidade de seleção de recursos humanos; iv] Pode ser administrada por meio da avaliação de desempenho com base no contrato de gestão; v] Oferece transparência na administração dos recursos; e vi] Dispõe de hipótese de dispensa ou inexigibilidade de licitação.

O estudo elaborado pela Fundação CERTI informa, ainda, que para a implantação do CT-PIM com a qualificação de uma Organização Social, são necessárias algumas etapas: i] Mobilização para criação do CT-PIM [tomada de decisão estratégica de criar o complexo CT-PIM + implantar Comitê de Administração nos moldes do Conselho de Administrativo de Organizações Sociais + Nuclear lideranças e grupos de trabalho de estruturação; ii] Criação da Associação CT-PIM [Criar uma Associação Civil pelas lideranças ou convidar instituição existente a ser operadora do CT-PIM + Adequar o estatuto a Lei de OS (Lei 9.637, de 15.05.98)]; iii] Conquista de um Contrato de Gestão [Qualificar como Organização Social junto ao Governo Federal + Conquistar Contrato de Gestão junto a Órgão Público Federal + Estabelecer Programa de Trabalho para a assinatura do Contrato de Gestão]; iv] Implantação e Operação do CT-PIM [Consolidar os investimentos + Operar profissionalmente segundo plano estratégico e seguida de avaliação].

O CT-PIM, que deverá ter um porte humano da ordem de 374 colaboradores em 2005/2006, entre experts (doutores, mestres, especialistas, executivos), pesquisadores (cientista, profissional altamente especializado), profissionais (profissional experiente, projetista) e novos talentos (engenheiro/físico recém-graduado, empreendedor motivado), deverá buscar um modelo econômico e de sustentabilidade entre a receita/investimento através de 3 fontes distintas: da prestação de serviços para cliente mediante contratos (fonte fundamental para a sustentabilidade); de projetos patrocinados ou conquistados junto as agências de fomento (recursos não-reembolsáveis ou não) e financiamento de base por ser importante para a sociedade (recursos não-reembolsáveis). O financiamento de base, no momento inicial, deverá ser de 100% da receita do CT-PIM. Entretanto, logo em seguida, deve-se colocar desafios.[20]

Finalmente, ressalte-se que a idealização do CT-PIM está apoiada fortemente na parceria com órgãos governamentais, instituições de pesquisa, desenvolvimento, ensino, prestadoras de serviços tecnológicos, assim como empresas, consoante com uma perspectiva de realizar a articulação e a interação entre os diversos parceiros do espaço local e regional, induzindo o desenvolvimento através da criação e incorporação de novas tecnologias, seja pela proposição e execução de projetos de cunho científico, tecnológico, social e econômico, ou pela prestação de serviços ou outras formas de integração.

Registre-se, entretanto, que para a transformação da visão de futuro em realidade, depende da vontade política, lideranças locais, articulação, comprometimento da sociedade, espírito de parceria, persistência e uma organização mínima da sociedade para coordenar e demonstrar os resultados já alcançados e a serem alcançados.

Além disso, a construção deste novo patamar de desenvolvimento é feito por pessoas, que devem ser e estar altamente qualificadas e empreendedoras. Para atrair, desenvolver e manter estas pessoas em Manaus, a cidade deverá proporcionar melhor qualidade de vida em termos de educação, saúde, segurança, infraestrutura básica e oportunidades de crescimento pessoal e profissional.

Portanto, o ambiente em torno do CT-PIM deve ser o mais favorável possível para promover o sucesso deste projeto, pois este é um projeto sistêmico, integrado. Trata-se não só do desenvolvimento de um polo industrial, mas o desenvolvimento de uma região, como o foco na tecnologia e na inovação.



[1] Elaborada por Antônio José Lopes Botelho, enquanto servidor da SUFRAMA, a partir dos documentos de responsabilidade da Fundação CERTI “Cenários Referência de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Polo Industrial de Manaus”, “Demandas e Gargalos Tecnológicos do Cenário Referência de Desenvolvimento”, “Uma Proposta Macro de Desenvolvimento da C&T&I na Região para Superação de Gargalos Tecnológicos e Atendimento às Demandas Tecnológicas” e “Um Centro Tecnológico para Promoção do Desenvolvimento Tecnológico, Econômico e Social do Polo Industrial de Manaus”, todos do primeiro semestre de 2002. O foco desta síntese é o da ordem tecnológica, ainda que se saiba da sinergia entre aquela e as demais (econômica e ambiental).

[2] O cenário atual do PIM relativamente ao aspecto tecnológico reflete a seguinte condicionalidade: i] fatores ambientais: a região oferece poucos recursos de formação de RH e de desenvolvimento tecnológico para inovação + incentiva a indústria de software [embedded e autônomo] + incentiva a tropicalização de produtos; ii] fatores potencializadores; falta de alinhamento entre oferta e demanda de C&T&I, com pouca prática de inovação tecnológica, pela falta de um plano político estratégico que sirva de instrumento orientativo às entidades técnico-científicas; iii] fatores indutores: ações pouco integradas de desenvolvimento tecnológico + sem capacidade de atrair e desenvolver talentos para gerar base tecnológica + baixa procura por proteção da propriedade tecnológica; iv] fatores dinamizadores: forte importação de tecnologia desfavorecendo o balanço de pagamentos + produtos de tecnologia externa, na maioria dos casos. Portanto, cada fator é composto de um conjunto de vetores. O foco conforme já registrado é de ordem tecnológica, ficando de fora vetores econômicos, socioambientais, legais e regulatórios e ecológico.

[3] O cenário desejado para o PIM em 2020 está representado pela seguinte condicionalidade: i] fatores ambientais: parte da tecnologia externa instalada no PIM é cedida para exploração por parte das empresas locais + o PIM constitui o principal elemento de fornecimento de tecnologia para o exterior; ii] fatores potencializadores: as entidades técnico-científicas são relevantes fornecedores de conhecimento e inovação tecnológica para as diversas cadeias produtivas do PIM; iii] fatores indutores: menor importância dos incentivos, com real direcionamento para o desenvolvimento tecnológico + política tecnológica do PIM alinhada com as estratégias nacionais + maior quantidade de produtos de alto teor tecnológico produzidos no PIM + reconhecimento internacional da capacidade de desenvolvimento tecnológico; iv] fatores dinamizadores: principal elemento brasileiro de fornecimento de tecnologia para o exterior, sustentando favoravelmente a balança de pagamento + alta geração e detenção de propriedade tecnológica, atraindo novos segmentos de base tecnológica, comparável ao fenômeno de outros clusters + tecnologia desenvolvida e assimilada na região servindo de suporte ao desenvolvimento de setores emergentes.

[4] O grande argumento utilizado pela Fundação CERTI foi a constatação que o crescimento econômico de Manaus decorrente do Projeto ZFM é um fato inequívoco. A metodologia utilizada foi a de um “mix” de diversas propostas metodológicas de diversos autores especialistas em desenvolvimento de cenários exploratórios, tendo como suporte a metodologia de Desenvolvimento Tecnológico Regional – DTR elaborada pela Fundação CERTI.

[5] Esforço institucional que SUFRAMA já implementa desde 1999 quando inscreveu no PPA-2000/2003 a meta de 20% sobre o faturamento do PIM, onde o PEXPAM, enquanto incentivo complementar, teve papel relevante.

[6] Neste particular, a SUFRAMA também já implementa vetor zero com apoio institucional à Comissão Especial do Congresso Nacional que trabalha a prorrogação do prazo constitucional da Zona Franca de Manaus, além do próprio PEXPAM para a construção da plataforma exportadora, conforme já comentado na nota de roda pé anterior.

[7] Também neste particular, já há esforços preliminares na medida em que a SUFRAMA reserva 20% dos seus recursos financeiros para o financiamento de cursos stricto sensu (mestrados/doutorados em automação; telecomunicações; informática; engenharia de produção; biotecnologia; desenvolvimento sustentável, são exemplos atuais) e projetos de pesquisa vinculados, além dos esforços tradicionais já implementados, como a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação tecnológica - FUCAPI, que revisou sua atuação estratégica, e do Centro de Biotecnologia da Amazônia - CBA, ora em fase final de implantação.

[8] Também esta diretriz já está incorporada aos esforços da SUFRAMA na medida em que se exige a décadas a logomarca “Produzido no Polo Industrial de Manaus” e “Conheça o Amazonas” nos produtos e embalagens das empresas incentivadas, na medida em que se exige a quase uma década a adoção da ISO 9000 daquelas empresas incentivadas enquanto etapa do processo produtivo básico e na medida em que a SUFRAMA adota em seu discurso político de que o Projeto ZFM é um modelo ambientalmente correto, porque contribuiu para preservar 98% da cobertura vegetal do Estado do Amazonas, e que seus produtos decorrem de grandes marcas mundiais.

[9] Este adjetivo sim, se trata de algo novo especialmente se se acredita que os clusters podem ser construídos a partir de uma indução governamental. Sinérgicos no sentido da consolidação do PIM e do seu encadeamento com as vocações regionais.

[10] Foram selecionados os gargalos com impacto maior ou igual a 60, determinado pela metodologia, independentemente do peso. Os gargalos mais relevantes são: i] gerais do PIM [cadeia produtiva eletroeletrônica e de bens de informática]: carência de engenheiro mecânico, engenheiro químico, com ênfase em tintas e vernizes, engenheiro de materiais [materiais, plástico, solda] e profissionais com conhecimento em tecnologia de gestão, na área de finanças e de programação; ii] fornecimento de insumos [eletroeletrônica e de bens de informática]: carência de especialistas em plásticos [injeção plástico, estamparia e usinagem] + carência de fornecedores de moldes de alta pressão; iii] fornecimento de subsistemas [eletroeletrônica e de bens de informática]: carência de RH ligados à injeção plástico [ótico] e manutenção de equipamentos industriais + carência de fornecedores qualificados de injeção plástica para telefones celulares + carência de empresas que fazem sopro plástico e falta de conhecimento em plástico + deficiência na relação cliente e fornecedor [o fornecedor não participa do desenvolvimento, somente é consultado pelo cliente se pode atender aos seus interesses]; iv] montagem [eletroeletrônica e de bens de informática]: limitação da formação de um parque tecnológico consistente na medida em que a compra de insumos externos – frequentemente sob a forma de kits e subconjuntos – limita a possibilidade de desenvolvimento de soluções para produtos já que dispensa o projeto [e as vezes até o reprojeto] dos mesmos + faltam especialistas em solda [chumbo e estanho], injeção plástica, pintura e material condutor + carência de profissionais na área de engenharia de telecomunicações, eletrônica, pintura e material condutor + carência de profissionais para a customização de projetos de produto + baixa autonomia decisória para modificação e desenvolvimento de produtos e processos; v] gerais do PIM [cadeia de duas rodas]: base de competência [em produto] das empresas está fora do PIM + baixo domínio tecnológico sobre a estruturação de processos. Ainda muito dependente das alterações de processo e tecnologias externas [matriz] + dificuldade de obter mão de obra especializada – carência de engenheiro mecânico [robótica], engenheiro químico, com ênfase em tintas e vernizes, de material [base estrutural – conhecimento metalúrgico, solda] e profissionais com conhecimento em tecnologia de gestão na área de finanças. Carência de profissionais que fala inglês fluente. Falta de integração da escola com as indústrias; vi] fornecimento de peças e subsistemas [cadeia de duas rodas]: existe carência de serviços de calibração [laboratórios e RH qualificados]. Os fornecedores locais apresentam algumas dificuldades para a certificação de processos + deficiência na infraestrutura dos fornecedores locais de peças para subsistemas – em tecnologia, especialização, qualidade e capacidade de produção + dificuldade de alguns fornecedores em atender com qualidade desejada e cumprir prazos de entrega + deficiência em termos de equipamentos e principalmente em moldes e ferramentaria. A manutenção é o ponto mais crítico. Considerar que um determinado gargalo junto a cadeia produtiva concernente gera uma demanda tecnológica atual específica. Portanto, a constatação do fato significa inexistência e/ou insuficiência quanto à oferta tecnológica recíproca.

[11] Em Microeletrônica: i] novo conceito de produção; este conceito envolve software poderosos para controle de produção em real-time, ferramentas multi-processo com tecnologias de limpeza associada, novas tecnologias de isolamento multi-layer e sistemas de gravação direta, isto é, sem necessidade de máscaras; ii] aumento de consumo de semicondutores em comunicações e entretimento, com uma redução em computação; inclusive na indústria automotiva; iii] o preço dos produtos está tendendo ao somatório dos preços dos semicondutores contidos no bem; há uma tendência a poucos ou um único CI por equipamento [SoC: system-on-chip, isto é, dispositivo altamente integrado composto por múltiplos blocos funcionais, incluindo memórias e um processador chip]; iv] mão de obra em semicondutores está cada vez mais especializada e aquela que não seja altamente qualificada agrega custo e não valor; v] a engenharia de matérias está cada vez mais importante no contexto da miniaturização dos chips, na medida em que a redução das dimensões dos dispositivos está limitada pelo próprio material que é utilizado; vi] a transição CMOS [Complementary Metal-Oxide-Semiconductor: tecnologia de processo que é capaz de produzir transistores MOS com ambos canais de condução de semicondutores tipos n e p. Por sua vez, MOS é a tecnologia de fabricação que é utilizada para produzir transistores com efeito de campo de silício, nos quais o fluxo de corrente é controlado pela força do campo elétrico entre a porta e o canal condutor, separados por uma camada isolante de dióxido de silício] para SOI [Silicon-on-Insulator: wafer de silício com uma fina camada de óxido sobre ele. Substratos dão isolamento superior entre dispositivos adjacentes em um circuito integrado quando comparado aos dispositivos construídos em “bulk” wafers] está prevista para atingir volume comercial com dimensão da ordem de 45nm em 2010. Atualmente, a ordem é de 130nm; vii] em 2004 deverão iniciar os trabalhos para efetivação da transição para wafers de 450mm em escala econômica para 2013. Atualmente, a base é de 300mm. Observação: há uma previsão de cenário muito negativo para a balança comercial brasileira de componentes semicondutores sem a aplicação de uma política de substituição competitiva de importação de um déficit de quase US$ 20 bilhões em 2010. Em Micromecânica: i] os MST [Microsystems Technology: similar ao MENS [vide adiante ainda neste nota de roda pé] com ou sem circuito eletrônico. A base tecnológica está centrada na micro-ótica, no micro fluidos, na micro eletrônica, na micro mecânica e no micro magnetismo. Sua aplicação se dá na indústria médica [implantes; diagnóstico; cirurgia], na indústria aeroespacial, nos sistemas militares, no meio ambiente, na alta indústria [sistemas de segurança]; gestão; conforto; e na indústria em geral], que se caracterizam por integrar componentes de silício, plástico e vidro, têm projeção da função faturamento para US$ 30 bilhões em 2003, considerando todos os sistemas que incorpora esta tecnologia; ii] as tecnologias MENS [Microelectromechanical Systems: circuitos integrados que contém tanto máquinas microscópicas quanto circuitos eletrônicos, tal como transdutores de força, válvulas e motores] tendem a oferecer um potencial cada vez maior para agregação de valor, especialmente na medicina, podendo resolver tanto pequenos, como prevenir problemas, como prevenir que sistemas de visualização usados em cirurgias minimamente invasivas fiquem cobertos com sangue, quanto grandes problemas, como diagnosticar câncer cervical. Observação: as possibilidades para o PIM vão desde a biotecnologia [chips para análise de DNA, biossensores, etc.] até energia sustentável [microrreatores, células de combustível, etc.], passando por petroquímica [biossensores em cerâmica, cromatografia de gases e líquidos, etc.]. Portanto, áreas potenciais para o desenvolvimento econômico do Amazonas. Em Eletrônica: i] a tecnologia dos produtos manufaturados no PIM está se concentrando na direção dos componentes que eles usam e cuja tendência é de um componente semicondutor por equipamento, conforme já registrado acima; ii] existe também uma grande tendência de que o software seja englobado no chip [embebdded], o que irá modificar sobremaneira o conceito de produção e desenvolvimento em todo o mundo; iii] prevê-se para a tecnologia de geração de imagem um haverá rápido desenvolvimento de displays digitais, com principal objetivo re reduzir seu custo. As novas tecnologias [LCD, Plasma e OLEDs] têm uma previsão de crescimento acentuada para 2020, portanto, a tecnologia CRT, que utilizam os tubos de raios catódicos, ainda terão mercado mundial por muito tempo; iv] prevê-se para a tecnologia de transmissão de dados que os Leds Orgânicos permitirão a produção de telas flexíveis para aplicações em celulares; v] para a tecnologia de leitura e gravação ótica, que está intimamente correlacionada com a produção de equipamentos cuja funcionalidade principal seja a recepção e gravação de vídeo, a previsão é a predominância do DVD por pelo menos mais décadas; vi] a velocidade de transmissão de dados evoluirá por fator de 10 em 3 anos e até 100 vezes em 5 anos, aumentando a troca de dados na infraestrutura de comunicação móvel. A partir de 2002 deverá predominar a tecnologia 2G, entrando a de 2,5G já em 2005 e a 3G em 2020. Há uma previsão de que entre 26 e 58 milhões de usuários estarão utilizando tais tecnologias até 2005. A metodologia para analisar as tendências tecnológicas mundiais utilizadas é conhecida como “Technology Roadmapping”. Tal metodologia permite olhar o futuro de forma sistêmica, constituindo importante ferramenta estratégica de desenvolvimento. Entretanto, rupturas tecnológicas impactam fortemente as informações traçadas. Na realidade, o importante é perceber o fosso tecnológico entre demanda e oferta tecnológica neste início dos anos 2000, o que demonstra o gigantesco esforço que Manaus deve imprimir para a instalação de competência de superação dessa defasagem, considerando a perspectiva de consolidação do PIM em níveis menores de dependência tecnológica. Vide na próxima nota de roda pé quais são essas competências.

[12] As 18 [dezoito] competências selecionadas pelo Estudo contratado à Fundação CERTI, agrupadas em 4 [quatro] grandes desafios, foram explodidas em 54 [cinquenta e quatro] Programas e Projetos cujo desenvolvimento contam com a participação de instituições de ensino e pesquisa, centros tecnológicos e empresas de base tecnológica locais, além de entidades vinculadas nacionais e internacionais, os quais, com as respectivas execuções, constituirão o sistema local de inovação, enquanto base estrutural do PIM. Portanto, o Projeto CT-PIM terá a grande missão de contribuir de forma substantiva para o Sistema Manaus de Inovação. As competências que deverão ser instaladas localmente para a superação dos gargalos e atendimento das demandas tecnológicas são: i] pertinente ao desafio de efetivação da competitividade: 1] em gestão estratégica [projeto Centro de Gestão Estratégica do PIM CGE-PIM + programa de motivação e capacitação de lideranças do PIM + programa de atração e motivação de especialistas + programa de pós-graduação em Gestão Estratégica e Empresarial]; 2] em empreendedorismo [programa de estímulo a capacitação em empreendedorismo + projeto Fundo de Investimento de Risco + projeto Parque Tecnológico e Incubadoras de Tecnologia Avançada e Consultoria Tecnológica]; 3] em engenharia de produção, gestão da qualidade e produtividade [programa de aplicações de referência em empresas show room de demonstrações das melhores práticas + projeto bianual de mostra de cases e fórum internacional de “excelência na produção” + programa de graduação e pós-graduação de excelência em Engenharia de Produção]; 4] em tecnologia industrial básica [programa de ampliação e capacitação de laboratórios metrológicos e da implantação da Rede Metrológica AM + programa de formação de recursos técnicos laboratoristas + programa de estruturação/atracai de OCCs Organismos Certificadores Credenciados para produtos/sistemas/serviços de Certificação Compulsória e Voluntária + projeto de estruturação do “Sele Verde” Sistema de Qualidade do PIM]; 5] em monitoramente e proteção ambiental [programa de estímulo à Certificação ISO 14000 e de proteção ambiental + projeto de sistema de Monitoramento Referência de Emissões que afetam o Meio Ambiente + programa de pós-graduação em tecnologia ambiental]; ii] pertinente ao desafio de buscar o domínio em tecnologia avançada: 6] em tecnologias de microssistemas [projeto Mini-fábrica de Produção de Wafers de CI + programa de Design House + programa de atração de RH nas áreas de microeletrônica e instrumentação + projeto Centro de Referência de Inovação em Microssistemas tecnologia e produtos + projeto Centro de Desenvolvimento Empresarial de Design House e empresas de produtos de microssistemas e CIs; 7] em mecaoptoeletrotrônica: [programa de estímulo às empresas para desenvolvimento e produção de produtos de nichos e produtos associados às potencialidades regionais + programa de graduação e pós-graduação profissionalizante em projeto e manufatura de produtos e componentes mecaoptoeletrônicos + programa de formação de técnicos industriais em produtos e componentes mecaoptoeletrônicos + projeto Centro de Referência de Inovação em Produtos Mecaoptoeletrônicos]; 8] em tecnologia de inovação: [projeto Sistema de Inteligência Competitiva do PIM + programa de pós-graduação em convergência digital + projeto Centro de Referência em Inovação de Software e Sistemas Avançados + programa AMAZONSOFT de incubação de EBTs em TI]; 9] em projeto de produto e gestão da inovação: [programa de fortalecimento de cursos de graduação e pós-graduação na temática processo de inovação tecnológica + programa de apoio aos centros de P&D tecnológicos]; 10] em processos de fabricação; [programa de graduação e pós-graduação de excelência em processos de fabricação avançada + programa de formação de técnicos em modernos processos de fabricação + projeto Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico de Processos de Fabricação]; 11] em tecnologia de reciclagem; [programa de pós-graduação em tecnologia de reciclagem + projeto Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Reciclagem de Produtos e Materiais]; iii] pertinente ao desafio de disponibilizar infraestrutura: 12] em telecomunicações: [programa de disponibilização de sistemas e redes de transmissão de dados em alta velocidade + programa de uma rede de comunicações wireless de alta velocidade]; 13] em logística e engenharia de transportes: [programa de introdução de tecnologias de ponta na infraestrutura portuária e aeroportuária + projeto Núcleo em engenharia de transporte em curso de engenharia de produção + projeto de uma Central de Logística Integrada]; 14] em energia elétrica; [projeto geração de energia elétrica com gás e petróleo e preservação ambiental + programa de garantia do suprimento de energia elétrica com alto desempenho e eficiência + projeto Núcleo de Excelência no Monitoramento de Sistemas de Suprimento Energético]; iv] pertinente ao desafio de promoção de fornecedores específicos: 15] em mecanismos e componentes eletromecânicos: [programa de criação/atração e desenvolvimento tecnológico de empresas fabricantes de mecanismos e componentes eletromecânicos e mecaoptoeletrônicos + programa de apoio a capacitação tecnológica de fornecedores em aspectos de qualidade e confiabilidade]; 16] em componentes termoplásticos: [projeto de criação, atração e desenvolvimento tecnológico de empresas fabricantes de moldes, dispositivos e termoplásticos de precisão e outros + projeto de Centro de Serviços de Suporte ao Desenvolvimento de termoplásticos]; 18] em instalações industriais: [programa de fortalecimento tecnológico de empresas de instalações industriais, dispositivos e peças especiais + projeto sistema de gestão competitiva para monitoramento de tendências, demandas e ofertas na instalação de modernas plantas industriais]. Deve estar registrado que nem todos os programas e projetos serão executados sob a coordenação direta do Projeto CT-PIM, porém todos deverão contar com sua articulação e interlocução frente ao contexto sistêmico e sinérgico que se pretende para a consolidação do PIM.

[13] A proposta do Projeto CT-PIM idealizada com o Estudo elaborado pela Fundação CERTI é ao mesmo tempo desafiadora e complexa. Desafiadora porque seu cenário futuro desejado é arrojado. Complexo porque envolve uma interdependência entre agentes e atores vis a vis programas e projetos. Contudo, certamente pode representar a perspectiva de uma nova era de desenvolvimento para Manaus, mitigando a dependência tecnológica e industrial do seu processo de crescimento econômico relativamente ao PIM. Nesse contexto se interpõe a própria missão do CT-PIM: promover a competência científica e tecnológica do PIM através de uma gestão estratégica de meios e ações, em parceria com instituições locais, nacionais e internacionais, bem como promover, em particular, a capacitação em projetos, fabricação e aplicação de microssistemas. De plano podemos descrever seu ParqTech dimensionado sob a orientação de entradas e saídas. As entradas seriam as competências instaladas em Manaus, que foram apresentadas na nota de roda pé anterior. Adicionalmente, prevê-se a necessidade de buscar competências nacionais e internacionais. As saídas seria a realização de produtos e serviços nos mercados locais, regionais, nacional e internacional. O processo em si envolve a implantação de quatro grandes unidades de gestão: i] Centro de Gestão Estratégico, cuja missão seria: desenvolver e aplicar as melhores práticas de gestão, articulando e congregando governo, academia e empresas na consolidação dos clusters sinérgicos de Manaus em favor do desenvolvimento da Amazônia. Sua estrutura básica foi dimensionada para a implementação de quatro divisões: 1] de gestão do desenvolvimento de RH; 2] de gestão do desenvolvimento tecnológico; 3] de gestão do desenvolvimento empresarial; 4] de gestão do desenvolvimento de soluções; ii] Centro de P&D em Fabricação, cuja missão seria: estabelecer uma infraestrutura física e intelectual, com domínio tecnológico dos mais avançados processos de fabricação de microssistemas para viabilizar a implantação de minifábricas de CI/MST e apoiar as empresas usuárias na pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras. Sua estrutura básica foi dimensionada para a implementação de três divisões: 1] de P&D de projetos especiais; 2] de P&D de processos de fabricação e suporte laboratorial; 3] de prospecção e nucleação de minifabs e produtos inteligentes; iii] Centro de Referência em Inovação de Produtos em MST, cuja missão seria: estabelecer uma sofisticada infraestrutura de pessoal e laboratorial para o processo de inovação tecnológica de produtos inteligentes com integração de dispositivos de MST visando apoiar as empresas existentes do PIM ou incubadas na geração de novos produtos. Sua estrutura básica foi dimensionada para a implementação de quatro divisões: 1] de inovação no negócio; 2] de inovação no produto; 3] de inovação no processo; 4] de P&D tecnológico; iv] Centro de Desenvolvimento Empresarial em Microssistemas, cuja missão seria: ser o operador do ParTech CT-PIM visando estabelecer um competente setor tecnológico empresarial em microssistemas apoiando o processo de atração/incubação/desenvolvimento de empresas tecnológicas. Sua estrutura básica foi dimensionada para a implementação de duas divisões: 1] de administração das incubadoras e ParqTech; 2] de prospecção e atração de negócios empresariais. Na realidade, o conjunto articulado entre as unidades de design house, minifabs e incubadoras de EBTs, junto com os quatro centros descritos acima constituem o ParqTech e ao mesmo tempo se confunde com o próprio Projeto CT-PIM, desafiador e complexo como dito acima, mas absolutamente necessário. Sua visão de futuro envolve a combinação virtuosa da inovação tecnológica com a preservação ambiental, configurando-se em Manaus clusters sinérgicos de referência mundial, estruturados num sistema local de inovação potencializado, motivado e impulsionador do desenvolvimento, e atuando em parcerias nacionais e internacionais, a partir de competências empresariais, científico-tecnológicas e governamentais em microssistemas, consolidando o PIM e explorando a biodiversidade amazônica.

[14] Segundo Clélio Campolina Diniz do Departamento de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais, em “Globalização, Escalas Territoriais e Política Tecnológica Regionalizada no Brasil”, informa, citando Edquist (1997), Cooke (1998), Lopes e Lugones (1999), que “os sistemas institucionais de inovação vêm sendo classificados através de uma taxonomia que os caracterizam como sistemas supranacionais de inovação (SSNI), sistemas nacionais de inovação (SNI), sistemas regionais de inovação (SRI), sistemas locais de inovação (SLI) e sistemas setoriais de inovação (SSI)” e sintetiza que “um sistema de inovação em rede deve ser suficientemente forte para dentro e para fora, de forma a combinar cooperação e competição”. Admite, entretanto, que “a vantagem competitiva é criada e mantida através de um processo altamente localizado” onde “o esforço de busca e a luta competitiva, centrada no processo inovativo, vai depender de duas dimensões: a) da capacidade empresarial em promover pesquisa e desenvolvimento e identificar novos produtos ou processos que assegurem o sucesso econômico (produtivo e comercial) da empresa; e b) da capacidade local de aprender, no sentido de se criar uma atmosfera de transformação e progresso para o aprendizado regional e coletivo (Florida, 1995; Aydalot and Keeble, 1988)”. Ressalta, entretanto, citando Conti and Giaccara (2000), que a “inovação não é consequência direta da presença desses fatores, mas de sua capacidade de interação recíproca”. De uma forma mais direta, Sánchez & Paula, em Parceria Estratégicas/MCT, Dezembro de 2001, admitindo a possibilidade da denominação “sistemas locais de inovação”, definem, adaptando de Freeman (1987), sistema nacional de ciência e inovação tecnológica (SNCIT) como sendo “uma rede de instituições nos setores público e privado cujas atividades e interações iniciam, geram, importam, modificam e difundem novas tecnologias”.

[15] Segundo Maria Elizabeth Lunardi, em “Parques Tecnológicos: estratégias de localização em Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba”, Curitiba, Ed. do Autor, 1997, página 17, parque tecnológico pode ser entendido como “uma iniciativa localizada num loteamento apropriadamente urbanizado e possui três características básicas: tem ligações formais com a universidade ou outras instituições de ensino e pesquisa; permite a formação e crescimento de empresas de base tecnológica e outras organizações que também se situam no local; é coordenada por uma entidade que desempenha as funções de gerente do parque, a qual estimula a transferência de tecnologia e promove ações voltadas ao aumento da capacitação das empresas e dos demais empreendimentos que residem no local. Em linhas gerais, as empresas estão reunidas num mesmo local, dentro ou próximo ao campus da universidade, numa área de raio inferior a 5 quilômetros. São áreas para venda, locação, terrenos ou prédios que abrigam incubadoras, condomínios ou empresas e outros órgãos prestadores de serviços”.

[16] Já passa da hora de se tentar definir o que seja cluster. Do ponto de vista objetivo, não há uma tradução literal para o termo. Entretanto, Michael E. Porter, em “A Vantagem Competitiva das Nações, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1989, trata o termo em forma de um “agrupamento de indústrias competitivas”, entendidas bem-sucedidas porque “estão, geralmente, ligadas através de relações verticais (comprador/fornecedor) ou horizontais (clientes, tecnologia, canais comuns, etc.)”. O que é importante salientar, é que aquele agrupamento deriva da natureza sistêmica do que Porter denomina de “diamante”, expressão que utiliza para referenciar os determinantes da vantagem nacional, no caso local, de Manaus, como um sistema. Assim, para Porter, um país, no caso, as indústrias de Manaus, quer sejam de produtos globais ou de produtos locais, terão êxito internacional na hipótese de se construir os 4 grandes atributos que modelam o ambiente no qual as empresas competem e que promovem a criação da vantagem competitiva, a saber: condições de fatores (tais como trabalho especializado ou infraestrutura necessários à competição); condições de demanda (a natureza da demanda interna para os produtos); indústrias correlatas e de apoio (a presença de indústrias abastecedoras que sejam internacionalmente competitivas); e estratégia, estrutura e rivalidade das empresas (as condições que governam a maneira pela qual as empresas são criadas, organizadas e dirigidas). Embora Porter assegure que “são necessárias vantagens por todo o diamante para obter e manter o sucesso competitivo nas indústrias”, até porque “o diamante é um sistema mutuamente fortalecedor, onde o efeito de um determinante é dependente do estado dos outros”, ressalto os fatores, que podem ser agrupados segundo as seguintes categorias, para destacar especialmente os pertinentes ao conhecimento intensivo, que constituem a espinha dorsal das economias adiantadas: recursos humanos (a quantidade, capacidade e custos do pessoal, divididos em muitas categorias, tais como: ferramenteiros, engenheiros eletricistas com PhD, assim por diante); recursos físicos (a abundância, qualidade, acessibilidade e custo da terra, água, minérios ou madeiras, fontes de energia elétrica, pesqueiros e outras características físicas da localidade); recursos de conhecimento (o estoque que se tem de conhecimento científicos, técnicos e de mercado, relativos a bens e serviços. Os recursos de conhecimento estão nas universidades, institutos governamentais e particulares de pesquisas, órgãos estatísticos governamentais e outras fontes); recursos de capital (o total e o custo do capital disponível para o financiamento da indústria) e infraestrutura (o tipo, qualidade e valor de uso da infraestrutura disponível que afeta a competição, inclusive o sistema de transportes, o sistema de comunicações e assim por diante). Porter assegura, para finalizar, que “o mais importante é criar as pressões sobre as empresas para investir e inovar”.

[17] Promover a atração e desenvolvimento de DS é uma iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia através do Programa Nacional de Microeletrônica, onde Manaus já está mapeada para estar neste processo.

[18] Percebe-se, de forma inequívoca, que o desafio do CT-PIM transcende a capacidade financeira da SUFRAMA, portanto, sendo imprescindível o aporte de recursos financeiros dos Fundos Setoriais, por exemplo.

[19] As outras possibilidades apontadas, cujos “contras” estão postos como qualitativamente maiores do que os “prós” foram: Órgãos Públicos; Fundação Privada sem fins lucrativos e Associação da Sociedade Civil de Interesse Público.

[20] Talvez o desafio possa ser atingir 2010 com 75% de recursos não-reembolsáveis; 2020 com apenas 1/3.

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